Capítulo 54



Yasmim...

   Foi tudo tão rápido que quando menos esperei, estava na casa de Natalie. Nem sabia como agradecer a ela, por ter não só me ajudado como ajudado os meninos.

_Ainda não estou acreditando que o Rômulo fez isso com você, Yasmim. Logo ele, tão certinho, nunca foi de agredir ninguém. – Sentou do meu lado – Caio está lá com ele, tentando acalmá-lo.

   Naquele momento, senti que Natalie era de confiança, eu precisava desabafar com alguém sobre meu relacionamento com Vitor.

_Naty... Eu preciso te contar algo...

   Falei tudo, desde o momento em que o conheci, até as ultimas horas ali naquele camarim e no estacionamento. Cada palavra saindo da minha boca, ela me olhava estranhamente. Finalizei em meio a lagrimas:

_Enfim, foi isso.
   Ela me olhou estranho mais uma vez, estava assustada:

_Então quer dizer que você viu Victor em Uberlândia?
_Sim, naquele momento em que saí do bar, eu fui a fazenda dele. Me desculpa eu não ter te falado antes Naty, era algo muito sigiloso, só quem sabia era a minha irmã.

   Como se eu tivesse uma doença contagiosa, Natalie se afastou de mim e parou no meio do quarto.

_Então, enquanto eu julgava o Rômulo, ele apenas era uma vitima?
_Por isso que eu não segui adiante em prestar queixa contra ele.
_Você deveria ter vergonha na cara, e o Victor... Santo Deus, estou enojada de vocês dois. – Ela foi até a porta do quarto, abriu-a – Sai da minha casa.
_O que?! Naty, eu só... São quatro da manhã eu não posso sair assim na rua...
_Pouco me importa, apenas saia da minha casa, Yasmim. E esquece meu endereço.
_Naty, por favor, me perdoa...
_EU ESTOU MANDANDO VOCÊ SAIR!

   Sabia que não tinha mais como convencê-la de que todos nós éramos vitimas daquela situação, talvez amanhã ela me perdoasse por tudo o que eu fiz. Recolhi meus pertences, minha mala e saí cabisbaixa, estava me sentindo um cão abandonado, sem ninguém para responder por mim, me proteger, estava sem Norte... Mais uma vez. Em um gesto involuntário, liguei para Vitor, ele iria me proteger de todos os males da vida, chamou algumas vezes, ele atendeu com uma voz cansada.

_Oi
_Vitor, estava dormindo?
_Não – Soltou o ar pesadamente – O que você quer, Yasmim?
_Natalie me colocou para fora de casa... Estou na rua sem direção, sem ninguém... – Comecei a chorar. – Me ajuda Vitor...

   Parei na esquina para me recompor, ouvia a respiração dele no outro lado da linha e isso até me assustava.

_Yasmim, eu não posso... Desculpe-me. Olha, depois do que aconteceu essa noite, acho melhor nos desligarmos de vez, sem contato, sem nada. Você é apenas uma fã e admiradora do meu trabalho e eu... Deixei me levar como nunca fiz em toda minha vida. Apenas entenda meu lado, se eu continuar a ter contato com você vai ser sempre assim, aparecerão novos namorados para você e eu irei me meter em mais e mais broncas. Apenas esqueça esse numero. Abraços.

   Ele desligou sem ao menos me deixar explicar, não entendia o porque daquela frieza toda sendo que algumas horas atrás estava ligando para mim todo preocupado. Como sempre fora em minha vida... Lá estava eu, de novo, começando do zero e sem ninguém. Em passos lentos fui até a rodoviária e fiquei aguardando o ônibus chegar.



Victor...


_Fale Leo.

  Ele sentou-se na cama, estava sério e logo imaginei o que estava por vir.

_Você viu até onde essa sua loucura por essa menina chegou?
_Não foi por isso. Eu apenas a defendi do mesmo jeito que faria com qualquer outra mulher.
_Não Vitor, vamos analisar: Isso só aconteceu porque você falou na frente do namorado dela tudo o que não era pra ser dito, não naquele momento.
_Você está me julgando, isso mesmo?
_Longe de mim te julgar, mas acho que tá na hora de você crescer, Vitor. Essa noite suas atitudes foram de um moleque de vinte anos.
_Eu sei o que faço da minha vida, Leo. Deixe-me em paz.
_Eu estou aqui para abrir seus olhos. Ou você larga de vez essa menina, ou vai acabar se metendo em encrencas piores que a de hoje. – Levantou-se e tocou meu ombro – Só estou te ajudando nego véio, pelo pouco que te conheço sei que você não seria capaz de fazer o que fez hoje. Estou fazendo uma analise de uma pessoa de fora e o que vejo é você cego por essa menina, isso já se tornou obsessão Vitor!

   Não tive coragem de encará-lo, sabia que Leo estava certo, aquele amor estava me levando para longe demais, prova disso fora hoje. Infelizmente eu não poderia mais ter contato com Yasmim, doía mais em mim do que na própria, ela poderia chorar agora, mas amanhã estaria refazendo sua vida, assim como fizera na minha ausência... Iria me desligar dela de vez.

***

   Será que acabara de tomar a atitude certa em minha vida?

  Após desligar o meu celular, olhei para Leo.

_Feito.
_Muito bem, você fez mais do que certo meu irmão. Agora é aguardar e ver no que vai dar. Vou nessa.

   Assim que me vi só comecei a refletir: Será que é legal alguém chegar próximo de você e decidir o que fazer da sua vida? Foi isso o que meu irmão fez naquela noite, todas as minhas atitudes no telefone foi sob o comando dele, eu estava me sentindo um boneco ou meu cérebro estava no piloto automático.

  Ahh Yasmim, só queria que você me perdoasse.


Yasmim...

Ao chegar em casa pela manhã, Isabela e minha mãe estavam tomando café, sorridentes. Acho que elas ainda não ligaram a TV ou o Computador para saber que minha cabeça rolava por aí.

_Minha querida – Me abraçou
_Oi mãe.

   Estava precisando desse abraço como ninguém, afundei meu rosto em seu peito e chorei por longos minutos, Isabela já estava de pé.

_Porque está chorando? – Olhou ao redor – E onde está meu genro?
_Eu e o Rômulo terminamos. – Sentei-me no sofá.
_Sinto muito.

   Estava criando forças para explicar a elas o que havia acontecido, respirei fundo diversas vezes, para enfim, começar a jogar tudo o que estava preso.

_Mãe, terminei com o Rômulo, mas não é por isso que estou chorando.
_Então o que houve pirralha, fala pra gente.

   Isabela já estava desconfiando do que se passara, ela sabia que eu iria para o show de Victor e Leo. Desabafei e contei tudo, ou melhor, quase tudo; minha mãe não precisava saber do meu caso com Vitor, porque agora, nada existia entre nós.

...   

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