Capítulo 44



_Que bom que você veio!

Natalie me deu um abraço apertado, estava feliz, pude perceber.
_Gostou?
_Sim. Vamos.

   Fomos para sua casa, falei com todos e entramos no quarto. Aquelas fotos da dupla em todos os lugares me dava náuseas, mas por estar na casa como visita apenas fingi não ver.

_E aí, como vai ser a festa do seu aniversario?
_Será na boate aqui perto de casa, Caio vem nos buscar. – Sentou do meu lado na cama – Fazer o que né, já que não tem show dos meninos aqui por perto, terei que me conformar.

   Estava demorando pra ela começar a falar sobre eles. Respirei fundo, procurando minha paciência. Como se tivesse lembrado de algo, Natalie soltou um gritinho fino.

_Ai amiga, me disseram que a Lua de mel do Victor foi perfeita. Eles viajaram para fora do país...
_Tá Naty, ninguém precisa saber. – Rolei os olhos impaciente.
_Não sei porque você está agindo assim. Caramba, agora vai ser igual a quase todas que desistiram de ser Victetes só porque o Victor casou?
_Não é isso Naty, eu tenho meus motivos.
_Sei. Acho isso muito imaturo, o Victor merece ser feliz. Mania feia essa de vocês acharem que ele vai casar com alguma fã... Por Deus, acordem.

   Mais uma vez respirei fundo, minha paciência já tinha se despedido de mim há tempos:

_Não é por isso Natalie, eu apenas tenho meus motivos pra pensar assim.
_Isso é infantil da sua parte, Yasmim. Caramba! Deixa ele ser feliz, ele merece, é ser humano como nós, precisa de emoções para viver...
_Cala a boca Naty! Me deixa em paz e para de falar desses caras.

   Baixei minha cabeça quando senti as lagrimas caírem, estava em um inferno astral e Natalie ainda ficava falando dele. Tudo bem que ela não sabia sobre meu lance, mas deveria ao menos entender. Ela me abraçou de lado.

_Quer saber? Não vou brigar com você amiga. Vou respeitar seu momento, um dia sei que vai voltar a ter o seu lado fã, vai entender que a vida é assim.
_Valeu. – Tentei sorrir para ela.
_Ok – Levantou-se – Temos que nos arrumar, Caio vem nos buscar as oito.

   Aquele fim de tarde procuramos esquecer qualquer assunto que nos deixasse tensas. Olhar para Vitor ali, naqueles inúmeros pôster que Natalie tinha em seu quarto me deixava um pouco nervosa, logo vinha em minha mente lembrança das nossas transas, do seu olhar em meu corpo.

   Prontas, esperamos o namorado dela chegar, bem, ele era pontual. Fomos a uma boate perto, já imaginando como Natalie tinha seu jeito “escandalosa e perua” de ser, me preveni e estava certa, ela tinha convidado umas quinze pessoas para ficar no camarote, estava feliz e isso me deixava bem e em paz. Sentei na mesa enquanto ela dançava com seu copo de bebida em mãos abraçada a Caio, um rapaz sentou do meu lado, fez um meio sorriso... Talvez estivesse me paquerando, não sabia como lidar em situações como essa. Baixei meu rosto, Natalie se aproximou de nós.

_Olha que coisa mais linda. Vocês formam um belo casal.
_Como poderei fazer par com ela se você não me apresenta formalmente?
_Ok – Me puxou pela mão – Rômulo, essa é a Yasmim, minha amigona. – Olhou para mim – Yasmim, esse é o Rômulo, amigo do Caio e meu amigo.
_Prazer – Estendi minha mão para cumprimentá-lo
_Igualmente.

   Iniciamos uma conversa legal, ele era um rapaz muito educado... Mas não poderia me apegar! Minha promessa ainda estava exposta ali, em meu subconsciente. Rômulo só seria mais uma isca dos meus caprichos.

   Sem perceber muito, eu bebia um copo atrás do outro, precisava de adrenalina, precisava de coragem, lúcida não iria conseguir. O cara já me olhava com desejo e até sentou perto de mim e falou algo que eu nem entendi muito.

_Quer dançar? – Insinuei
_Pode ser.

   Desci a escada do camarote como uma louca e fui para a pista de dança, não estava nem aí se ele tinha me acompanhado ou se estava lá em cima ainda. Sentia olhares masculinos para mim, para meus movimentos sensuais, jogava o cabelo de lado para provocá-los. Sim! Eu queria isso, eu queria causar, conseguiria. Senti duas mãos envoltas do meu quadril e me virei rapidamente, Rômulo me olhava com desejo, tudo estava dando certo. Sem pensar em mais nada, o beijei, foi forte, foi intenso e depois disso não vi mais nada, foi tudo com um flash em minha memória: Entrando em algum carro... Entrando no apartamento... Deitada na cama... Ele beijando meu corpo... Assustei-me! Como reação da adrenalina, o álcool em meu sangue dissipou, meu coração batia descompassado enquanto Rômulo beijava meus seios, não sentia tesão algum.

_Para, por favor! – Supliquei

   Mesmo assim Rômulo continuava com seus beijos, fechei meus olhos sentindo lágrimas caírem pelo meu rosto.

_Por favor, pare. – Mais uma vez supliquei.

  Ao erguer o rosto ele assustou e parou.

_Te machuquei?
_Não, mas é que... É complicado. – Em minha mente já imaginava Vitor
_Ok. – Levantou-se e ficou perto da cama. Passou as mãos no cabelo, preocupado – Fica com a cama, vou pro sofá.

   Rômulo saiu e aí sim pude dar vazão a todo o sofrimento, me joguei na cama e chorei. Porque o infeliz de Vitor não saia dos meus pensamentos? Eu o amava e isso me irritava e muito! Fiquei em meio a esses pensamentos vendo o dia clarear. Estava na casa de um estranho, que por sorte era um homem respeitador.

“Teve sorte que não sou um cafajeste!...”

   Lembrei das palavras de Vitor quando eu bebi demais e ele me deixou dormir em seu quarto. Sim, Vitor, Rômulo, era homens de verdade. Levantei-me, me troquei e fui até o banheiro, retirei aquela maquiagem e meio sem jeito fui até a sala, ele não dormia mais, estava na cozinha preparando algo.

_Bom dia. – Me olhou ternamente.
_Oi. – Sentei em um banco próximo ao balcão existente ali. – É... Sobre ontem, eu queria te pedir desculpas.

   Ele virou com um sorriso e olhando bem para ele, tenho certeza que todas as mulheres ali naquela boate desejariam estar no meu lugar. Aproximou-se de mim e espalmou as mãos no balcão.

_Isso é normal, vamos esquecer esse nosso encontro trágico. – Sorrimos, ele voltou ao fogão. – Estou fazendo algo para tomarmos café, não sou muito bom na cozinha, ok?
_Desde que mate a minha fome, tudo vale.

   O ajudei a terminar nosso café e sentamos a mesa. Ele puxou assunto, o que me deixou menos tensa:

_Você mora no interior?
_Para vai, não é tão interior assim.
_A Naty disse que conheceu você em um show daquela dupla lá.

   Mais uma vez devo rolar meus olhos internamente.

_Sim. – Respondi seca.
_Sobre ontem, você não quis porque é virgem? – Quase me engasgo com meu suco ao perceber que ele era muito direto. – Calma (Me ajudou com leves tapinhas nas costas) Desculpa, eu só achei que sei lá, coisas de interior sabe... Menina pura.
_Não, mas perdi com meu ultimo ex. Desculpa mesmo por ontem.
_Te entendo. Essas coisas são assim mesmo.

   Continuamos conversando sobre coisas legais, acho que ele sentiu que eu não queria  nem ouvir falar na Dupla Victor e Leo. Após ajudá-lo em algumas coisas ele me levou para casa de Natalie, ela fez um sorriso bobo ao ver que ele estava do meu lado.

_Hoje meu dia será feliz. Porque juntei vocês que formam um par lindo.
_Natalie, eu vim pegar minha mala – Mudei radicalmente de assunto – Já estou indo, o ônibus sai da rodoviária daqui a pouco.
_Vai voltar pra casa? Posso te levar se quiser. – Rômulo olhou empolgado.
_Obrigada Rômulo, mas eu vou de ônibus mesmo.
_De jeito algum Yasmim! – Natalie estava de todo jeito nos empurrando. – Onde já se viu, negar um pedido de um cara tão bacana como o Rômulo. Você vai sim com ele.

   Após muito negar e por insistências dos dois, eu cedi. Algo estranho se passava em minha cabeça, eu confiava nele, seus olhos me passavam segurança, paz.

   A viagem foi tranqüila, ele me mostrou como era seu gosto musical, riamos muito com coisas bobas que ele falava... Queria dizer não, mas meu coração estava querendo se apegar a esse rapaz. Paramos na frente da minha casa, e agora, o que falar?

_Está entregue. – Desligou o carro
_Obrigada. – Baixei a cabeça timidamente.
_Sabe Yasmim, gostei de você. Talvez seja muito precipitado, mas algo mexeu comigo.

  Pior do que ele me falar isso... Era que eu estava sentindo o mesmo.

_Fico feliz por isso.
_Posso vir te ver outras vezes?
_Claro. Ficaria muito feliz.
_Então, posso dizer um até breve?
_Sim – Sorrimos.

   Antes mesmo de pegar minhas malas no bagageiro, Rômulo puxou-me para um beijo ardente, com paixão e cheio de segundas intenções. Fechando meus olhos, imaginei meus beijos com Vitor, era diferente, era gostosa a sensação... Mas era passado, ele agora estava casado e feliz.


Victor...

   Mais uma vez os meses parecem anos, quanto mais tempo eu ficava do lado de Claudia, mas me convencia que tinha escolhido o caminho errado, não por ela ser uma má esposa, mas por eu estar brincando com seus sentimentos. Nos últimos meses, algo me perturbava, não conseguia mais dormir, eu precisava acabar com isso, deixar Claudia feliz e acima de tudo, estar feliz, quem sabe com Yasmim ou com outra pessoa... Ah Yasmim, por onde andas agora?

   Em mais uma madrugada, fim de show, cidade próxima a que Yasmim morava, ela poderia vir me ver, poderíamos reviver esse amor. Aquilo tudo estava me cansando, não estava agüentando mais, disquei o numero, chamou duas vezes e atendeu:

_Oi meu amor.
_Claudia – Sussurrei
_Está tudo bem?
_Estou... Estou cansado do show.
_Então porque não vai dormir, Vitor? Descansa mais.
_Irei já já, só liguei pra saber se está tudo bem.
_Sim. E por aí?
_Bem também. – Não tive coragem. – Vou desligar.
_Tudo bem, beijos e durma bem Vitor. Estou preocupada.
_Estou bem Claudia. Isso é apenas mais um cansaço. Beijos. – Antes de desligar ouvi a voz dela me chamando – Oi?
_Esqueci de te dizer, mas acho que agora vai tirar todo o seu cansaço... Está atrasada – Sussurrou com um riso de felicidade.

   Custei para acreditar, minha ficha não estava caindo. Quando crio coragem para me separar dela, vem essa bomba?

_O que está falando, Claudia?
_Ahh para Vitor, sabemos do que estamos falando. Está atrasada...
_Depois falamos sobre isso. Abraços.

   Desliguei preocupado, isso seria mais um empecilho em minha vida. Sempre quis ser pai, mas nessas circunstancias, não.

...

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