Capítulo 51



Yasmim...

   Cheguei super atrasada na ultima palestra do congresso, algumas horas depois já estávamos saindo do hotel em caminho ao aeroporto. Natalie e Kaliane apareceram por lá.

_E aí Yasmim, ontem nem voltou para o barzinho.
_Pois é Kaliane, uma amiga minha da turma estava passando mal, ajudei-a.

   Natalie apenas observava calada, me fitando. Nos despedimos dela, prometendo uma visita a Uberlândia com mais calma; ao ver que Kaliane tinha ido embora olhei para ela.
_O que houve Naty?
_Estou preocupada, prometi para Rômulo que tomaria conta de você.
_Não sou mais nenhuma criança para ele mandar alguém tomar conta de mim. Mas fica tranqüila, não fiz nada.

   Senti que ela não engoliu a historia e não liguei, agora meu celular tocava insistentemente e não podia atender. O Vôo foi normal e tranqüilo, já estando no aeroporto, Rômulo veio nos buscar e sendo assim, deixou Natalie em casa. Tudo o que eu queria era uma cama, mais precisamente minha cama. Chegamos em casa e minha mãe como sempre, implorando para Rômulo não pegar a estrada aquela hora, porque estava esquisita, perigosa, deixando assim, ele mais uma vez dormir no quarto de hospedes.

   Eu já estava desfazendo a mala quando ouvi meu celular tocar, deixei que Rômulo atendesse já que estava perto do criado mudo.

_Amor, tem um cara querendo falar com você. Um tal de Vitor.
   Minha vida parou por milésimos de segundo, como tinha esquecido de Vitor? A viagem fora tão cansativa que sequer lembrei que dormi na noite anterior com ele. Na frente do meu namorado atendi rapidamente e nem ouvi o que ele falava do outro lado da linha, mas sei que na sua voz era raiva o que estava sentindo, desliguei e voltei a terminar meu serviço.

   Esperei o fim de noite o telefonema de Vitor, sabia que ele ia ligar, engraçado como vários meses distantes, para mim, ele ainda era o mesmo, com os mesmos gostos e manias, acabei caindo em um sono profundo, acordando durante a madrugada com meu celular tocando, apenas xinguei quem quer que estivesse ligando para mim aquela hora.

_Alô?
_Vai me dizer agora quem é esse cara que atendeu seu celular. 

   Demorei a cair a ficha... A voz era de Vitor, eu olhava para a janela sem saber se era dia ou noite, demorei para processar algo na minha cabeça. Liguei o abajur e sentei-me na cama.

_Vitor?
_Você sabe que sou eu, apenas está querendo ganhar tempo para vir com alguma desculpa para o idiota aqui, cair.

   Como um flash lembrei de Rômulo, da noite em que o trai com Vitor. Sorri internamente, era bem isso o que eu estava querendo, quantas vezes antes de dormir em meio as lagrimas fazia planos de vingança assim e agora, estava se concretizando.

_Você não é idiota. Se fosse já deveria saber que eu tenho uma vida e que terminamos há meses. Vitor, não temos mais nada, o que aconteceu foi emoção, calor do momento. Desculpa se você achou que eu estava voltando para você e viver aquela vidinha obscura do seu lado.

   O medo exalava nas minhas palavras. Vitor era um homem perfeito, quando apaixonado era mais ainda, mas do jeito que ele tinha várias mulheres aos seus pés, eu poderia perdê-lo por uma bobagem, coisa de menina. Silencio, foi o que estava acontecendo naquele momento, silencio da sua parte, da minha que agora estava pensativa, o ouvi suspirar impaciente e logo retomar a voz calma, porém, esmagadora, triste, decepcionado:

_Ok Yasmim, se era o troco que você queria dar, conseguiu. Palmas para você e sua infantilidade. A única diferença é que assim que te conheci, achava que você era imatura por questões de inocência. Fique bem, seja feliz, não vou procurar-te mais, seguirei meu caminho. Abraços.

   Desligou, as lagrimas já entregavam meu medo, ele estava apenas despedindo de mim como se eu fosse descartável, tudo o que vai, volta; não era para eu estar nessa calamidade, chorando, agarrada ao lençol, era para estar vibrando, pulando, dançando porque consegui fazê-lo sentir raiva, mas não.

***

   Dois meses sem receber uma mensagem sequer do Vitor, o numero estava desativado, ele tinha desistido de mim, isso era certo.

_Ai amiga estou muuuito feliz. – Natalie pulava em seu quarto enquanto eu colocava meu sapato. – Enfim vamos ao show dos nossos meninos!
_É, eu mesma irei sem vontade nenhuma, somente o Rômulo para me fazer essas loucuras.

   Estava desanimada, com medo de encontrar Vitor; claro que não iria a camarim ou algo assim, agora eu e Natalie iríamos acompanhadas com os namorados. Coisas de Rômulo me fazer ir a um show do meu ex. Como será que Vitor está agora? Estava com uma saudade imensa dele, devo confessar. O amava acima de tudo e de todos, mas será que eu era retribuída da mesma forma? Será que ele desistira de mim? Só o tempo e o destino podem dizer.

   Entramos na casa de show, eles animados, Rômulo me olhando estranho e com um sorriso sapeca, iria aprontar algo, eu sentia; Natalie ao lado de Caio implorando para ir para frente do palco.

_Amor, não vou. Imagina ouvir várias mulheres gritando no meu ouvido. Sem mais.
_Por favor Caio. – Continuava implorando. – Quero ver o show de perto.

Caio olhou para mim e Rômulo com uma cara de interrogação.

_Vai Caio, eu fico aqui com Yasmim.

   Vimos os dois saírem e sumirem das nossas vistas. O show estava prestes a começar, estava sentindo minha boca seca de tão nervosa, queria ir para frente, olhar para Vitor, dizer que eu o amava acima de tudo e pedir perdão pela minha infantilidade. As cortinas se abriram e ouvimos gritos histéricos, o show começou, todos animados, no embalo das musicas. Sem mais nem menos, Rômulo me puxou e após alguns passos, entramos em um acesso restrito, algo mais que vip, só para funcionários ou alguém que conhecesse bem. Meu coração quase pulou pela boca quando eu senti que ele estava me levando para o palco.

...

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