Capítulo 50


Yasmim...

   Senti um gosto amargo na boca, Droga! Nunca consigo controlar-me com a bebida. Senti um cheiro gostoso de campo e demorei em saber onde estava, abri meus olhos rapidamente; estava em um quarto estranho. Sentei assustada, aquela casa parecia ser distante da cidade e longe de todos os barulhos que uma metrópole te oferece, ao virar meu rosto não acreditei no que estava vendo.

   Vitor dormia tranquilamente, de costas para mim e como um flash veio a minha mente todas as imagens da noite anterior e algumas imagens rápidas, como se fossem um sonho: Entrando em um estacionamento escuro... O beijando... Dentro do carro tomando seu pescoço... Ele saciando meu desejo... Naquela cama, naquele quarto.

   Controlei-me mas era algo impossível, eu o tinha de volta, nos amamos na noite anterior. Chorei e não parava de olhar para ele, tão perfeito, apenas o cobertor cobrindo seu lindo corpo; queria tocá-lo, acordar com beijos de “bom dia”, mas precisava me preparar e tentar digerir o que acabara de acontecer. Meu celular tocou, uma nova mensagem:

“Nicolas: Onde está? Tá esquecida da palestra?”

  Olhei a hora no celular e pulei da cama, Puta merda! Estava atrasada.

_Vitor... – Coloquei minha mão em seu ombro, tentando acordá-lo
_Hum... – Apenas resmungou e voltou a dormir.
_Vitor... Acorda, estou atrasada.

   Aos poucos ele foi virando-se e fez o sorriso mais perfeito do planeta.

_Bom dia minha menina.

   Parei, travei, não sabia mais o que dizer porque ele me derrubava com apenas um sorriso.

_Bom dia. – Passei a mão no meu cabelo achando que estava embaraçado.
_Não mexe, você está linda assim.

   Olhou para meu corpo e me senti despida, mas, eu estava despida; lembrei logo que estava atrasada.

_Preciso ir embora, estou atrasada.
_Atrasada, pra que? Seu vôo sai agora? Posso te levar, aciono o jatinho...
_Congresso. Vim para cá para um congresso, enfim, é isso. – Olhei ao redor do cômodo – Preciso saber onde está minha roupa.
_Ficou no meio do caminho – Olhou para a porta do quarto.
_Obrigada... – Já estava perto da porta, iria procurar minha roupa e dar o fora dali.
_NÃO! – Após seu grito, parei com a mão na maçaneta. – Tem gente lá na sala. A esposa do caseiro está por aí.
_Esposa do que?
_Caseiro... Estamos na fazenda.

   Fodeu! Pelo o que estava vendo, iria levar mais tempo para ir até o hotel do que pensava.

_Vitor, eu te suplico, vai buscar minha roupa que eu preciso ir embora agora.
_Ok.

   Apenas sentei na cama para observá-lo se vestir. Ele colocou uma calça jeans e foi para a sala, voltou alguns minutos depois.

_Toma. – Entregou-me o vestido.
_Tá, mas cadê minha calcinha? – falei enquanto colocava meu vestido.
_Sei lá, vai ter que ir sem. – Sentou na cama com um riso sapeca.
_Estou falando serio Vitor, sem gracinhas.
_Eu não sei. – Sorriu mais ainda.
_Vamos.

   Passei como um furacão pela sala, estava morrendo de medo e só queria chegar logo no maldito hotel. Entramos no carro e ele teve uma crise de riso.

_Qual a graça?
_Nada, seu rosto... – Tentou se acalmar. – Com medo, assustada, é perfeito.
_Cala a boca e dirige

   A volta para o hotel foi tensa, estranha. Parecia que já tínhamos intimidade um com o outro, parecia que aqueles meses de sofrimento longe dele não tinha acontecido, apenas a vida deu uma pausa e logo voltamos ao play. Rômulo me ligava e eu recusava as ligações e foi aí que percebi que minha vingança tinha passado do nível um, olhei de esguelha para Vitor e se ele achava que eu iria voltar a ser a idiota, estava enganado. Depois de uma eternidade, chegamos ao hotel, ele parou na frente e me olhou com ternura, segurou minhas mãos:

_Estava sentindo sua falta, Yasmim.
_Jura? (Ironizei) não era isso o que chegava aos meus ouvidos.
_Eu sei que minha escolha foi um erro mas agora estou aqui, com você.
_Ok, outra hora conversamos Vitor – Abri a porta – Estou muito atrasada.

   Senti uma vontade imensa de beijá-lo, abraçá-lo, dizer que também estava morrendo de saudade; queria dizer que sinto tantas coisas, que sofri, que tentei fazer besteira na minha vida, que era dependente dele em tudo, mas apenas entrei no hotel sem olhar para trás.




Victor...

   Ela se foi sem ao menos olhar para trás, estava mudada, madura, podia se dizer. Fui até meu apartamento e naquele dia, mandei inúmeras mensagens, todas sem obter resposta; talvez ela estivesse em um local onde não pudesse mexer no celular. Aquela espera durou até o fim do dia e liguei, ao menos para ouvir sua voz, uma voz masculina atendeu:

_Alô?
_Boa noite gostaria falar com Yasmim.
_Quem gostaria?
_Com quem estou falando?
_Com o namorado dela.

   Senti faltar ar em meus pulmões, uma raiva incontrolável, Yasmim não poderia ter feito sua vida tão rápido assim, vai ver era algum amiguinho da faculdade brincando. Sua voz calma e um pouco trêmula atendeu.

_Alô?
_Quem é esse rapaz? Me explica isso direito, Yasmim! – Alterei a voz
_Ah... Oi Vitor... Então, aquele trabalho né? Depois eu te ligo... Espera, mais tarde antes de dormir eu entro em contato com você.

   Me ignorou como se eu fosse um nada, desligou o telefone, o que me deixou irritado; a minha vontade naquele momento era de estar na cidade de Yasmim, ir até onde ela morava e quebrar a cara daquele sujeito que estava com minha menina.

   Antes do show procurei ter paciência com todos ao meu redor, mas minha expressão séria assustava quem estivesse por perto.

_Muda essa cara Vitor, quer conversar?
_Mais tarde, Leo.

   Iniciamos o show, em cima do palco esquecia de todos os meus problemas, apenas sentia a musica invadir minha alma, mas, assim que terminávamos, a tristeza tomava conta de mim. Atendi as fãs naquela noite e fui na frente para o hotel. Raivosamente, disquei o numero de Yasmim, estava pouco me importando se ela estava em um sono profundo, eu estava com vontade de discutir, ela estava brincando com meus sentimentos; chamou algumas vezes, ouvi sua voz sonolenta e logo me veio na mente as noites em que ligava e ouvia cansada, mas ao mesmo tempo com risos fracos pelo simples fato de estarmos conversando.

_Alô?
_Vai me dizer agora quem é esse cara que atendeu seu celular. 

... 

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