Capítulo 53


Victor...

   Após Yasmim ser retirada do camarim pelo namorado, eu me senti um tolo, bobo, um moleque.

_O que foi isso Vitor?! – Leo já alterava a voz para mim.
_Você sabe o que foi.
_Precisava falar assim, se meter na vida da menina?
_Como se você não soubesse quem era ela.
_Do que você tá falando?
_Será que o nome Yasmim não te lembra algo da minha vida?...

   Leo ficou alguns segundos inerte, apenas olhando para um ponto qualquer no camarim.

_Não pode ser...
_Sim, é ela. – Afirmei. – A minha menina, a minha Yasmim.
_Caraca Vitor... – Colocou a mão na cabeça. – E agora? Eu juro que não sabia que era ela.
_Relaxa Leo, isso só pode ser o destino me testando.

   Ficamos mais alguns segundos em silencio, apenas cada um pensando. Senti uma angustia de repente, algo iria acontecer com Yasmim.

_Acho melhor você ir atrás dela mano, olha a merda que tu fez. Ela deve tá encrencada com o namorado.
_É isso o que vou fazer.

   Saí do camarim em passos largos, estava sempre perguntando a alguém se os viram passando ali; ao me aproximar do estacionamento andei mais um pouco e a cena que estava ali me fez ficar petrificado: Yasmim estava deitada no chão, seu namorado em cima, ela soluçava em meio ao choro e ele já fazia sinais que iria esmurrá-la; nunca imaginei que teria tanta força em minhas pernas para correr até onde eles estavam:

_Se for pra bater em alguém, porque não bate em um homem, seu covarde!

   Esbravejei toda a minha raiva contida, ele estava mexendo com a minha garota; como já se era de imaginar, veio em minha direção, nos seus olhos tinham fogo de raiva e busquei o máximo de mim para apenas me defender sem precisar esmurrá-lo, impossível, o jovem tinha uma força imensa nos braços e para defesa, tive que revidar os socos que ele me dava. Yasmim já gritava chamando por ajuda, pedia para pararmos, não dava. Alguns minutos depois senti alguém me puxando enquanto o nosso segurança segurava o rapaz.

_O QUE É ISSO VITOR? VOCÊ NUNCA FOI DISSO! – Leo não me soltava talvez achando que eu iria até o rapaz.
_ELE ESTAVA BATENDO NA YASMIM, EU VI.

_SEU SAFADO, PEGOU MINHA MULHER E AINDA QUER SE FAZER DE SANTO! – O rapaz gritava desesperadamente
_RÔMULO, CALA A BOCA! – Yasmim gritava em meio ao choro.
_MANDA ESSE CARA ME SOLTAR OU EU FAÇO COISA PIOR.

_SOLTA ELE! – Ordenei – PODE SOLTAR, MAS SE FOR PRA BATER NA YASMIM DE NOVO, MELHOR SAIR DE PERTO DE MIM.

   Nosso segurança soltou-o e ele aproximou-se de mim e do Leo.

_Vou ferrar com sua vida, acho melhor ir preparando o dinheiro.

   Se retirou dali em passos largos. No mesmo momento, o nosso assessor ordenou que voltássemos para o camarim, levando Yasmim junto, nos trancamos os quatro ali.

_O que foi aquilo, Vitor?
_Eu apenas fui defendê-la, ela estava apanhando dele.

   Ele virou-se para Yasmim, que estava chorando sem parar com a mão em um lado do rosto:

_E você mocinha, o que ele fez com você para o Vitor ter entrado ali na confusão?

   Ela procurou se acalmar, estava impossível, minha vontade era de abraçá-la e dizer que estava tudo bem, que logo eu a levaria para casa e cuidaria dela.

_Nós discutimos no estacionamento porque eu havia dito que não aceitaria me casar com ele. Me desequilibrei, caí no chão e ele apenas estava me ameaçando...
_Mentira Yasmim! – Alterei minha voz – Ele ia te bater, eu vi!

  Ela calou-se e baixou a cabeça.

_Ok, depois dessa vocês já devem imaginar a encrenca em que estão né? Pela ameaça o rapaz vai jogar um processo você. Vamos rezar para ele não procurar os meios de comunicação, rádios, TVs, sites...

   O celular de Yasmim tocou e ela se retirou para atender, voltou com uma garota conhecida, eu lembrava dela só não sabia de onde.

_Natalie é minha amiga e ela acabou de me dizer que Rômulo está indo para a Delegacia. – Começou a chorar – Me desculpa por tudo isso, Vitor.
_Ok, vamos encerrar esse assunto aqui. – Leo cortou a fala de Yasmim – Agora é procurarmos uma delegacia para fazer o mesmo.
_Eu já liguei para um advogado que é meu amigo, ele vai junto com vocês se quiserem. – Natalie estava tentando nos ajudar, senti isso.
_Então o melhor é irmos logo antes que essa noticia vaze.

   Em um carro fomos eu, Leo e Yasmim, ela ficou entre nós, virei para olhá-la e retirar sua mão do rosto que só agora pude perceber que estava certa vermelhidão.

_Está tudo bem, Yasmim?
_Sim.
_Ele te bateu não foi?
_Esquece, deixa pra lá. – Virou o rosto.
   O resto do trajeto o silencio predominou ali, ao chegarmos na delegacia, o namorado de Yasmim estava saindo, apenas nos encarou.

_Não revida, Vitor. Ele quer briga para todos verem.
_Estou na minha.

   Aguardamos enquanto Natalie não chegava com o advogado. Eu tentava me aproximar de Yasmim, porém, ela se afastava; em um momento, segurei sua mão próxima a minha.

_Yasmim, me fala que está tudo bem com você. Eu necessito ouvir isso.
_Estou bem Vitor. – Me respondeu friamente.

   Nunca tinha visto Yasmim tão cabisbaixa, triste, com o olhar perdido em algum ponto. Fui tirado do meu transe quando nos chamaram para entrar em uma sala, fomos os três, Leo estava como testemunha, o advogado também estava ali, enquanto aguardávamos o delegado chegar junto com o escrivão, ele nos alertou em algumas coisas:

_O Rômulo já veio aqui e deve ter dito horrores. Apenas digam o que aconteceu durante a briga. Se quiserem amanhã vocês falam com o advogado de vocês de lá de Uberlândia, mas podem ficar tranqüilos que estou aqui para ajudar.
_Obrigado.  – Agradeci.

  A primeira a depor, foi Yasmim, suas mãos estavam  trêmulas.

_Nos conte como tudo começou. – Iniciou o delegado.
_Eu... – Respirou fundo para não chorar – Rômulo e eu namoramos há alguns meses, ele me pediu em casamento na festa, em cima do palco mais precisamente. Antes de irmos embora eu falei para ele que não me casaria com ele, foi quando ele me... – Começou a chorar e nessa hora a minha vontade era de ir até ela, lhe abraçar fortemente. – Ele me deu um tapa na cara e eu desequilibrei, caí no chão, enfim.
_Você sabe que pode prestar uma queixa contra ele não é? A Lei Maria da Penha.
_Eu sei... Mas não, eu não quero.

   Assustei-me, aquela não era  a Yasmim que eu conhecia, segura, cheia de si, que enfrentava tudo e todos com seu jeito autoritário que certas vezes me irritava.

_Yasmim, ele te bateu! Você tá louca?! – Alterei minha voz.
_Calma aí rapaz, deixe ela decidir. – Me alertou o delegado – Me diga Yasmim, ele já havia te batido em algum outro momento?
_Não, ele nunca me bateu. Foi isso o que eu estranhei. Rômulo sempre foi um cara calmo, por isso não quero seguir adiante com a Lei Maria da Penha, apenas quero ser a testemunha do que ele fez com o Vit... Victor.

   Yasmim terminou deu depoimento, em seguida eu e Leo demos o nosso, fomos encaminhados para fazer corpo de delito e ao sairmos lá estavam um monte de repórteres. 

_Acho melhor sairmos por uma outra saída.
_De maneira alguma, Leo. Não fizemos nada de errado, apenas defendemos a Yasmim.

   Encarei todos aqueles jornalistas, falando bem rápido a minha versão e entramos no carro, senti falta de alguém:

_Yasmim, onde ela está?
_Ela foi com a amiga dela e o advogado, Vitor.

   Senti uma dor imensa ao saber que ela não estava comigo naquele momento, eu quem tinha causado tudo aquilo, ela quem apanhou por minha causa. Ao chegar no hotel, liguei para ela, chamou algumas vezes até atender.

_Oi Vitor.
_Está onde?
_Na casa da Naty.
_Está tudo bem?
_Sim.
_Sinto que não está... – Suspirei. – Yasmim, converse comigo. Fale o que aconteceu que nos deixou tão afastados.
_Eu não sei Vih – Começou  a chorar – A culpa é toda minha por isso ter acontecido.
_Não, eu estou me sentindo péssimo por ele ter te agredido. Me desculpa Yasmim, o ciúme tomou conta de mim me levando a loucura.
_Vamos esquecer. Vou dormir .Beijos.

   Desligou o celular mas algo me incomodava. Leo entrou no meu quarto sem ao menos bater na porta.

_Temos que ter uma conversa séria, Vitor.

...

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