Capítulo 45


Yasmim...
   O celular de Rômulo chamava, ele não atendia. Fim de tarde e mais uma vez eu o esperava.

   A minha vida tomou outro rumo nos últimos meses. Rômulo e eu estávamos namorando, sempre que dava ele vinha nos fins de semana e minha mãe até o deixava dormir aqui, em um quarto de hospedes, claro. Não queria me apegar, mas seu jeito encantador acho que deixava qualquer garota aos seus pés, eu precisava me libertar, como prometi a mim mesma, pisar nele, ele seria meu capacho só não sabia como.

   Natalie respeitou minha opinião e já não falava nada da dupla, até tentava, mas eu cortava e sim, meu coração ainda clamava por Vitor. Algumas semanas atrás, soube que teria show deles aqui em uma cidade perto, não fui, sabia que ele não queria me ver, então, para que ficar procurando problemas? Estava bem, mesmo longe dele.

   As minhas primeiras noites com Rômulo foram estranhas, por mais que ele tentasse, romanticamente ir além, algo me bloqueava, pedia para parar. Aos poucos cedi, fechava meus olhos para imaginar que quem estava ali era Vitor, me amando e como sempre arrancando altos gemidos de prazer. Enfim, meu namorado era o cara que todas sonham em ter, respeitador, gente boa, trabalhador e com uma família invejável, sua mãe já tinha um certo carinho por mim e eu a admirava... Até onde isso iria parar?

_Oi amor.
_Enfim atendeu. Você vem hoje?
_Então mozinho, não vai dar. Esqueceu que hoje é o aniversario da minha irmã?
_Ah tá, desculpa. Tenho que desligar, amanhã nos falamos.
_Mas não pode ligar pra mim mais tarde? Poxa Yasmim, assim eu fico carente.
_Desculpa, mais tarde você estará na festa da sua irmã, não quero atrapalhar. Beijos, ate amanhã.

  Desliguei, iria por meu plano em pratica, liguei para Ariane.

_Fala aí morango.
_Eu vou hoje com vocês.
_Oba! O Rô vem junto?
_Não, ele teve que ficar na capital. Enfim, vem me buscar mais tarde.

   Olhei para meu guarda roupa e por alguns minutos fiquei entretida em o que vestir; look escolhido, agora era tomar um banho e me arrumar.

   Às oito, Anne veio junto com Larissa me buscar. Mais uma festa, as mesmas pessoas, mais um motivo para encher minha cara e esquecer de tudo ao meu redor. A pista de dança tocava musica eletrônica, logo juntamos alguns amigos para nos divertirmos; Murilo me olhava diferente, percebi que ele tinha amadurecido mais desde a ultima vez que conversamos. Dançava sem parar, o mundo já poderia acabar porque aquela sensação era boa demais, de repente, percebi que todos tinham se afastado de mim, estavam dançando um pouco longe, mas quem eu queria estava ali. Nossos corpos foram se aproximando, Murilo tinha um sorriso perfeito e logo o beijei, com muita vontade, nossas mãos percorriam em nossos corpos. Ao sentir que o beijo iria ser finalizado, sorri internamente, fui me afastando e voltei a dançar.

   Aquela lembrança foi boa e no outro dia, encarando o teto do quarto de Anne me peguei sorrindo como uma boba.

_Acorda já com esse sorriso na cara? Me dá a receita. – Jogou o travesseiro em mim e outro em Larissa que estava acordando também.
_Ontem beijei o Murilo e sei lá, eu gostei da sensação.
_O que?! – Anne já estava sentada na cama – Morango, você tem namorado, o Rômulo é o cara mais perfeito que eu já vi.
_Espera... – Larissa sentou na outra cama – Como assim Yasmim? Você e o Murilo... Credo! Essa não é a menina doce e meiga que eu conheci.
_Falei pra vocês que mudei depois do... – Quase falava Vitor – Do outro lá, amor pra mim não existe.

   Levantei-me e fui ao banheiro, ao voltar elas ainda estavam naquela mesma posição, boquiabertas.

_Você devia ter vergonha na cara, Yasmim. Porra! Desse jeito vai perder o rapaz.
_Me deixa em paz Anne, eu sei o que estou fazendo. Tenho que ir.

   Me vesti e voltei para casa, no fundo eu estava gostando de levar essa vida. Vitor e nem mais nenhum outro cara iria mais pisar em mim, a partir de agora seria assim.



Victor...

   Voltar para casa estava sendo torturante. Depois daquela ligação, não atendi nem liguei mais para Claudia, estava com medo de saber a verdade, estava fugindo do que o destino reservara para mim e agora estava eu, descendo do jatinho em uma manhã ensolarada, indo para casa.

   Entrei em meu apartamento e vi que ela estava folheando revista, visivelmente séria.

_Oi – Aproximei-me dela e depositei um selinho casto
_Oi – Respondeu friamente e logo voltou a folhear a revista.

   Estávamos nos evitando, qualquer um podia sentir isso naquele momento, apenas respeitei esse espaço entre nós. fui ao quarto, coloquei minha mala, logo em seguida tomei uma ducha e ao sair do banheiro, ela me esperava sentada em nossa cama.

_Foi alarme falso.
_O que? – Fui ao closet para trocar-me, voltei rapidamente.
_Eu não... Estou grávida.

   Claudia saiu do nosso quarto triste, sabia que ela estava chorando, diferente de mim que no meu interior estava pulando de felicidade. Foi um susto que não quero mais reviver, terei que ter forças para conversar com ela e seria naquele exato momento. Saí procurando-a pelos cômodos, achando na varanda, com o celular nas mãos.

_Claudia, precisamos conversar.
_É algo urgente? Acabei de receber um telefonema, vou pra casa dos meus pais, meu irmão chegou de viagem. Quer vir comigo?
_Pode ser.

   Decidimos viajar até a cidade onde os pais dela moravam, quem sabe assim eu teria coragem para falar tudo o que está engasgado em minha garganta, os familiares dela a ajudaria, dando-lhe o conforto que precisava para este momento. 

... 

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