Capítulo 52



_Rômulo, para onde está me levando?
_Aguarde.

   Tão perto e ao mesmo tempo, longe. Olhando assim para Vitor, tão concentrado no que fazia em cima do palco, ele parecia um anjo, perfeito demais. Após terminar uma das musicas do repertorio, Leo pediu que a banda parasse e como se já tivesse intimidade com Rômulo, fez um gesto para nos aproximarmos. Não sabia o que estava acontecendo, hesitei e parei na metade do caminho, porém, Rômulo continuou a me puxar e meus olhares cruzaram com os de Vitor, que assim como eu, não estava entendendo nada.

     Contra sua vontade, a pedido de Leo, Vitor iniciou os acordes de “Meu eu em você” e logo senti o que estaria por vir. Olhava para todos os lugares, menos para Vitor.

_Pessoal é o seguinte – Leo me tirou do transe com suas palavras – Esse rapaz aqui hoje tem um pedido para fazer a sua namorada. Como se chamam?
_Rômulo – Falou ao microfone que Leo aproximou na boca dele
_E você?

   Travei, não sabia o que dizer, meu rosto virou e olhei para Vitor, que estava tão assustado quanto eu.

_Yasmim. – Sussurrei.
_Bom, Yasmim, seu namorado nos pediu para fazermos isso.

   Olhei para Rômulo e ele já estava apoiado em um joelho só, com uma caixa de alianças na mão. Leo, emprestou o microfone para ele, que tremia.

_Amor, estou sem palavras, mas como sei que você é fã deles, aproveitei para tomar coragem e como prova do meu amor hoje te pedir: Casa comigo?

   Mais uma vez olhei para todos os lugares, todos lá embaixo gritando histericamente; ao meu lado, Vitor estava com um olhar triste, esperando minha resposta; aquilo só poderia ser um pesadelo e eu iria acordar logo... Mas não, não era um pesadelo, era a minha vida que eu tinha mexido demais e estava me enfiando em um buraco negro. Com algumas lagrimas em meus olhos assenti e fechei os olhos, Rômulo me beijou na frente de todos e me abraçou, colocou a aliança em meu dedo e saímos do palco, antes ouvi Leo falar para meu namorado:

_Aguardem aí, que queremos vocês no camarim.

   Como se já não bastasse minha vida estar ferrada, iria ter que enfrentar camarim, aos olhos de Vitor. Ao sair do palco, bati no ombro dele.

_Seu louco! – Extravasei minha raiva.
_Eu sei meu amor, você tem vergonha de falar em publico mas aceite isso com prova do meu amor.

   Não queria que aquele show acabasse tão cedo, por mim, que durasse a eternidade. As cortinas se fecharam e ao sair do palco, Vitor olhou para mim, estava decepcionado, passou por nós como um furacão esbarrando na gente.

_Que cara mal educado.
_Esquece Rômulo.

    Aguardamos, por algum tempo eles atenderem todas as fãs, seriamos os últimos. Entrei com o coração na mão, enquanto Rômulo cumprimentava Leo, olhei para Vitor, que agora estava serio e de alguma forma querendo explicação. Me abraçou e no ouvido sussurrou:

_Parabéns, querida.

   Ele foi sarcástico, percebi isso; afastei-me dele:

_Parabéns, fico feliz por vocês. – Leo iniciou a conversa.
_Obrigado, Yasmim entrou em minha vida como uma luz. – Rômulo olhou para mim.

   Leo iniciou uma conversa sobre casamento com Rômulo enquanto que eu encarava o chão. Ouvi aquela voz rouca e sensual que inúmeras vezes me fez ir ao céu tanto prazer:

_Você não pode casar com ela.

  Ergui meu rosto assustada. Rômulo sem entender nada, sorriu.

_Eu a amo. Vamos nos casar sim.
_Mas será que ela te ama mesmo? – O olhar de Vitor agora foi para mim.
_Claro que sim.
_Desculpe rapaz, mas essa garota é minha.

  Olhei para Vitor assustada e com vontade dar uma tapa na cara dele.

_Vitão, deixa as fãs serem felizes rapaz. Um dia todas elas irão casar, ter filhos... – Leo tentava descontrair o ambiente.
_Nós dois sabemos que você é minha, não é Yasmim?

  Rômulo olhou para mim e Vitor, sem entender nada.

_Desculpe, sei que você é o ídolo da Yasmim, mas exijo respeito.
_Por falar em respeito será que ela tem por você, rapaz?
_Vitor, melhor você calar a boca. – Ordenei.
_Sejamos sinceros Yasmim, você não ama esse rapaz.
_É claro que ela me ama, suas brincadeiras está nos deixando sem jeito – Rômulo abraçou-me de lado.
_Não existe brincadeira quando falamos sinceramente. Estou errado, Yasmim? – Mais uma vez olhou para mim e ergueu as sobrancelhas. – Ele sabe que nos encontramos em Uberlândia quando você foi lá?

   Fiquei sem chão, não olhei para ninguém. Sentia Rômulo se afastar para fitar-me só para saber se era verdade.

_Parou por aqui, Vitor – Leo já estava ficando serio.
_Não Leo, esse rapaz tem que saber que antes de aparecer na vida dela, EU já estava com ela, amando-a.

_Já chega! – Alterei a voz. – Me deixa em paz Vitor.

   Senti Rômulo me tirar dali, andamos por alguns corredores e descemos para um estacionamento restrito onde ficava o ônibus da banda, levou-me para um local reservado e escuro.

_QUE PORRA FOI AQUELA YASMIM?
_Rômulo, calma. – Meu rosto já caiam algumas lagrimas.
_CALMA O CARALHO! ELE FALOU AQUILO... É VERDADE?

  A hora era ali, já estava cansada de tudo e de tanta mentira.

_QUER SABER? SIMMM, EU E O VITOR TINHAMOS UM CASO. – Chorei, deixei as lagrimas caírem livres. – Eu... Ele foi algo na minha vida que passou.
_e porque você nunca me disse?
_Porque eu tinha medo, ninguém sabe disso nem Natalie.
_Então, você não me ama, você o ama eu senti isso. – Baixou a cabeça decepcionado.
_Desculpa Rômulo, infelizmente não. E não quero casar com você. – Olhei para o céu que estava cinzento – Chega de mentiras.

   Ficamos em silencio, podia ver Rômulo fechando suas mãos de tanta raiva.

_Você ficou com ele em Uberlândia? É verdade?
_Sim. – Sussurrei não ligando mais para o que estava fazendo, estávamos terminando mesmo. – Desculpa Rômulo... Mas foi mais forte que eu.

   Dei vez ao choro, soluço tudo o que tivesse direito, já estava tudo perdido, voltar para ele que não iria; de repente, senti as mãos dele em meus braços, me chacoalhando.

_SUA PIRANHA, VAGABUNDA...

   Jogou-me contra o ônibus estacionado e sem tempo para me defender, senti sua mão pesada em meu rosto, ele deu um tapa tão forte que acabei caindo no chão. Sentou em cima de mim e iria me esmurrar se alguém não se aproximasse. Aquela voz que até então eu o julgava por ter me colocado em maus lençóis, foi a que me salvou:

_Se for pra bater em alguém, porque não bate em um homem, seu covarde!

... 

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