Capítulo 02
_Moço, não tem como colocar minha
irmã aqui em cima do palco não?
_Infelizmente não sou
eu, só recebo ordens dele – Apontou para o palco.
Victor tocava e virou
para me olhar, fiz um olhar suplicante pra ele, não sei como, mas ele assentiu
com a cabeça, vai ver nem sabia do que se tratava. O segurança puxou a minha
irmã e ao vê-la abracei-a.
_Se você fizer essa
loucura de novo, te bato no meio da multidão pirralha. Que susto! Agora você é
considerada uma puta mesmo, porque além de ta usando isso – Apontou para meu
espartilho – Ficou se esfregando no palco com eles.
Estava tão feliz que
nem interpretei isso como uma ofensa.
_Vai se ferrar Isa, o
importante é que vou tirar fotos com eles! – Abracei-a, mas não fui retribuída
_Para já com isso e se
controla.
Procurei minha sanidade
mental enquanto assistia o resto do show. Como já era previsto assim que
terminou nos indicaram para o corredor onde ficava o camarim, um monte de
meninas já estavam em uma fila, conversando entre si, ansiosas, fiquei no fim
porque Isabela com seus “Chiliques” estava ligando para seu namorado. A fila ia
caminhando até que engatei um papo com a menina que estava na minha frente,
Natalie era um amor de pessoa e me deixou a par de tudo sobre o que eu não
sabia. Ela foi chamada para entrar e minha tensão só aumentou.
_Pirralha, quando você
for, vai sozinha. Detesto sertanejo, imagina cantores. – Fez cara de nojo.
_Fica aí que é melhor e
me dá meu celular. – Meti a mão na bolsa dela e peguei meu humilde aparelho.
Assim que Natalie saiu,
trocamos contato bem rápido e logo o segurança me chamou. Meu coração batia tão
forte que eu imaginava que iria morrer ali mesmo, passos antes de me aproximar
deles. Victor abriu um sorriso lindo, de emoção, mas acho que ele fez isso para
todas.
_E aí? – Leo me abraçou
forte. – Menina você é cheirosa.
_Obrigada – Baixei
minha cabeça timidamente.
_E ótima dançarina. –
Ergui o meu rosto e vi que quem tinha falado era Victor.
_É verdade… Deu um
show, é dançarina profissional? – Leo era engraçado falando, sei lá.
_O que?… Não, gosto de me divertir e a dança é um hobby.
_O que?… Não, gosto de me divertir e a dança é um hobby.
_Ok.
Alguém pediu meu
celular e entreguei, bateram a foto pra mim e eu agradeci.
_E aí, tem algum CD ou
DVD contigo para autografarmos? – Aquela voz perto do meu ouvido… Queria
levá-lo pra cama mais próxima.
_Não, infelizmente
deixei-os em casa.
_Fica pra uma próxima
então. – Leo olhou estranho e em seguida olhou para o seu próprio celular – Foi
um prazer te conhecer, com licença.
Ele saiu e me deixou a
sós com Victor, fiquei sem entender nada. Pior de tudo foi o silencio entre
nós. Victor pigarreou e iniciou uma conversa.
_Então, ainda não sei o
nome da Dançarina…
_Prazer – Estendi a
minha mão para cumprimentá-lo – Yasmim
_Nome bonito… Igual a
dona.
Me arrepiei por
completo, não, ele não podia estar dando em cima de mim descaradamente mas ao
olhar para ele fixei e assim como eu, ele também fez o mesmo. Aquela voz
irritante falou perto de mim.
_Yasmim, temos que ir.
– Isabela era educada quando queria.
Senti uma tristeza
tomar conta de mim, não era pra ser assim.
_Vocês moram muito
longe daqui?
_Não, mas é que se não
pegarmos um táxi agora talvez não terá. – Isabela educada? Só na frente dos
outros.
_Estamos indo pro
hotel, se quiserem peguem uma carona conosco. Só tem um problema, temos que
esperar o pessoal da banda terminar de desmontar os instrumentos para podermos
ir.
Cara, fiquei tipo,
morrendo por dentro e se Isabela dissesse que não, mataria ela com um golpe
fatal.
_Você que sabe Yasmim.
É… Ela era chata pra
cacete, mas sabia ler minha mente.
_Pode ser. – Não quis
me fazer de fácil porque sabia que ele queria me levar pra cama.
Victor saiu para falar
com alguém e eu sentei em um sofá ali, minhas pernas pediam descanso. Isabela
saiu e disse que quando fosse a hora de ir embora que desse um toque pro seu
celular. Pendi minha cabeça pra trás, encostei-a por completo no sofá e fechei
meus olhos, senti alguém sentar perto de mim.
Victor…
Após tirarmos fotos com
várias garotas cheguei a achar que não veria mais aquela menina mulher que
dançou comigo. Sei lá, só queria vê-la nem que fosse uma ultima vez.
A porta se abriu e
alguém demorou para entrar, assim que ela entrou senti meu coração disparar,
esse sentimento poderia ser passageiro mas nunca me engano quando aponto para
alguém e meu interior diz que é o caminho certo.
Conversamos alguns
minutos após a foto e Leo meio que lendo meus pensamentos me deixou a sós com
ela. Acho que a garota que se aproximou de nós era a sua irmã, os olhos eram
iguais, a única diferença é que a irmã de Yasmim tinha uma sombra preta muito
forte ao redor dos olhos, se vestia de preto e aparentava não ir muito com
minha cara, ofereci carona a elas empolgado para saber onde a moça morava,
poderia não rolar nada naquela noite e já imaginava que não iria mesmo, mas
depois eu a procuraria.
Saí para ver se todos
estavam prontos para irmos ao hotel, ao voltar ela estava linda, sentada no
sofá e bem relaxada, pude ver sua expressão. Sentei do lado e puxei suas pernas
para ficarem por cima das minhas, comecei a massagear.
_Se incomoda se eu te
fizer uma massagem?
_Contanto que não tire
meu sapato. Sei que vai ser um dilema para colocá-los de novo no meu pé.
Sorri internamente, me
sentia um bobo.
_Quantos anos você tem?
_Tenho vinte. Por quê?
_Não parece. Tem cara de novinha, na verdade você é novinha.
_Não parece. Tem cara de novinha, na verdade você é novinha.
A garota pareceu não
gostar muito.
_O importante não é a
idade e sim a maturidade.
_Olha como ela é
inteligente.
As massagens já estavam
deixando-a sonolenta, ela fechava os olhos, podia jurar que estava dormindo,
tomei uma atitude meio que ousada. Peguei seu celular que estava entre suas
pernas e digitei meu numero, após isso apaguei na lista de chamada, não queria que
ela soubesse disso.
Leo nos chamou e eu
tive acordá-la.
_Vamos Yasmim.
Ela ligou para a irmã e
assim fomos para a van, percebi tensão nela enquanto a via entrar nos bancos da
frente da veículo.
_O que foi?
_Dormi no sofá, que
vergonha. Se fosse outra fã estaria muito bem acordada.
_Isso prova que você é
uma menina tranqüila e calma.
_Pode ser.
Durante o trajeto ela
conversava sobre o clima da cidade mas eu necessitava outros assuntos, queria
saber por exemplo, como ela era, o que fazia, o que gostava, suas experiências
amorosas para ter uma certa noção do terreno onde pisava, mas não consegui, o
pessoal da banda que estavam nos assentos traseiros ficavam puxando algum
assunto paralelo e ela participava. Sua irmã? Estava tão quieta do nosso lado,
que percebia que não estava gostando de nada.
Yasmim indicou para o
motorista parar no acostamento e ele fez. A garota meio gótica foi a primeira a
fazer questão de descer do veículo, em seguida eu desci e Yasmim veio junto com
minha ajuda para não cair ou virar o pé naquele salto imenso. Pela primeira vez
naquela noite eu a vi abrir os braços para pedir um abraço, ainda nesse clima
sussurrei em seu ouvido.
_Quero te ver de novo.
_Mas como? – Afastou a
cabeça para encarar-me
_Espera que te mando
uma mensagem.
_Como se você nem tem
meu numero?
_Aguarde e verás.
Não sei como aquilo
aconteceu mas a menina se aproximou rapidamente do meu rosto, selou nossos
lábios brevemente e se afastou de mim porque sua irmã já gritava no meio da
rua.
_Vamos logo pirralha!
Assim que entrei na van
senti tapinhas no meu ombro e assovios.
_Aê Vitão, não tirou o
atraso mas pelo menos um selinho saiu. – Beto falou sarcasticamente.
“O Victor tem namorada,
o Victor tem namorada…”
_Cala a boca aí, me
deixem em paz. – Sorri internamente.
_Quantas
musicas será que sai ainda essa noite Vitão? – Alguém gritou no fundo da Van e
eu sorri, arrancando altas gargalhadas de todos ali.
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