Capítulo 06



Victor...

   Durante o show olhei para diversas partes do publico e não achei Yasmim. Acho que a mãe dela não tinha deixado e eu estava ficando louco por embarcar em algo tão perigoso assim.

   Após as fotos do camarim mandei uma mensagem para ela, se ela me respondesse, retornaria a ligação ao menos para ouvir a voz dela. Em menos de cinco minutos, meu celular apitou:

“Eu estava no show sim. Mas não deu pra ficar na frente :/”

  Como pode uma simples mensagem me deixar tão nervoso assim? Mandei uma resposta para ela:

“Onde você está agora?”

 Ela me respondeu em menos de um minuto.

“Estou pertinho da casa de show. Quer me ver?”

“Sim, vem pra cá, fica na porta. Quando chegar me dá um toque.”

   Aqueles minutos foram os mais agonizantes, pedi ao nosso segurança que ficasse na porta, esperando por ela. Enquanto isso fiquei sentado no sofá, esperando-a.


Yasmim...

   Não sei o que raios está acontecendo comigo, eu estava mais nervosa do que quando fui fazer minha prova para tirar minha habilitação. Olhei para o rapaz perto de mim, sentado na mesa e me despedi.

_Vai pra onde garotinha?
_Preciso ir ver um amigo meu.
_E você sabe andar em cidade grande menina do interior? – Um dos caras soltou essa frase, fazendo os demais sentados na mesa rirem.
_Sei bem mais que você. Idiota!

  Aquilo serviu como uma injeção de animo para seguir adiante, minutos antes estava sem coragem de ir até Victor. Andei em passos largos até a entrada traseira, que dava acesso direto a artistas que se apresentavam, já procurava ar de tão nervosa, não sabia o que aquela noite reservava pra mim.

  Ao me aproximar percebi que o Fã clube ainda estava lá, esperando pela saída deles, não me aproximei muito delas, nem cheguei perto do portão. Me encostei na parede e dei um breve toque para Victor, um brutamontes (Segurança) abriu a porta, falou algo com as meninas ali e veio em minha direção, sem olhar para mim, falou:

_Yasmim? Acertei?
_S-sim (Gaguejei) Sou eu.
_Ok, vamos, me acompanhe.

   Me senti uma prostituta passando por aquelas meninas que me olhavam sem entender o porque eu tinha acesso direto. O tal segurança olhou para elas:

_Podem ir embora, não já tiraram fotos no camarim? Eles não sairão daqui tão cedo.

“_Aham, finjo que acredito!” – Uma delas soltou isso no ar, fazendo as demais rirem.

   Ele me olhou de esguelha e eu apenas obedeci. Cada passo que eu dava meu coração batia mais forte, minha boca ficava seca ao ponto de nem sentir o sabor do chiclete que eu acabara de colocar na boca, minhas pernas tremiam. Tudo passou assim que entrei por um corredor e ao entrar no camarim o avistei sozinho olhando para o celular, senti a porta se fechar atrás de mim e Victor ergueu a cabeça para me olhar profundamente.

_Oi – Ele veio em minha direção, acho que já notando que eu não conseguia mover sequer um músculo meu.

   Ao me abraçar eu pude sentir aquele perfume mais que delicioso de se inalar, aproveitando o momento e tirando uma lasquinha, afundei meu nariz em seu ombro e inspirei profundamente, ele deve ter sentido isso porque senti seu abdômen se contrair como se estivesse rindo.

_Tudo bem? – Se afastou de mim para me olhar.
_Sim e você?
_Eu estou bem. Vem cá

  Segurando minha mão, fomos até o sofá e sentamos, nossas mãos não se desgrudaram, agora ele alisava com seus polegares alguns pontos da minha mão e meu pulso.

_Pensei que não viria. Onde está sua irmã?
_Ela ficou, eu vim sozinha.
_Sozinha? – Me olhou espantado
_Calma, vim sozinha pra capital, pro show eu vim com a Naty.
_E onde ela está?
_Saiu com o namorado, me deixou sozinha e eu terei que esperar ela para voltar para ir pra casa dela.

  Ele olhou o relógio em seu pulso:

_Bom, a essa hora, acho que ela não volta tão cedo.
_É, eu sei.

   Continuei conversando um pouco com ele, momento suficiente para Natalie me ligar e avisar que não dormiria em casa, perguntou onde eu estava, claro que menti pra ela, falei que estava na casa de uma amiga que  também morava na capital. Assim que voltei pra o camarim Victor me perguntou:

_E aí, o que sua amiga queria?
_Avisar que não vai dormir em casa. Ou seja, vou ficar na rua por bom tempo. – Sorri me sentindo a ultima débil ali.
_Olha, eu sei que é totalmente restrito, mas é que um dos nossos funcionários está completando ano e toda a equipe organizou uma festinha pra ele no salão de eventos do hotel em que estamos hospedados. Se você quiser me fazer companhia...

   Aquilo seria um convite? Acho que sim, só sei que eu iria. A oportunidade de ficar ali, tendo todo o acesso, ficar mais próxima deles e a melhor parte: Do lado do Victor.

_Bom, se eu não for incomodar...
_Senhorita? – ele ofereceu o braço para que eu entrelaçasse no dele. Já disse que amei esse jeito Gentleman dele?


Victor

   Yasmim deu um toque para meu celular e meu corpo respondeu com um frio na barriga. Não sabia exatamente o nome desse sentimento mas algo nela mexia comigo. Enquanto ela não chegava mexi no meu celular, só percebi sua presença quando ouvi a porta se fechar.

   Um turbilhão de sensações tomou conta de mim naquele abraço, ao senti-la encostar a cabeça para inalar meu perfume percebi que meu corpo todo se arrepiou, não queria dar o braço a torcer, mas aquela garota estava mexendo comigo.

   Após ela confirmar em ser minha companhia para a festa de aniversario me senti um tolo, um besta, nunca mais tinha sentido isso. Esperamos todos se reunirem para irmos de van até o hotel, na saída da casa de show, nosso segurança nos aconselhou a colocar Yasmim nos últimos assentos do veículo e que nós (eu e Leo) fossemos juntos, para não dar muita bandeira. Como ele já previa, as fãs voaram em cima do carro e apenas acenamos, em poucos minutos já estávamos dentro do hotel, indo em direção ao salão de festa.

   Aquela meia luz, jogo de luz, um DJ na bancada eu já imaginava o que estava por vir e pra ser bastante sincero, queria ir pro meu quarto, levaria Yasmim comigo e juntos passaríamos a noite. Leo se aproximou de mim e me chamou para termos uma conversa mais intima.

_Cara, o que deu em você? Já olhou pra aquela menina? Se ela tem dezoito é muito.
_Você não lembra dela? Ela estava naquele show quinze dias atrás. Ela não é nada de ruim Leo.
_Só te peço pra abrir o olho. O que é Vitor? Você nunca foi de se aproximar de meninas assim, imaturas.
_Pra tudo se tem a primeira vez Leo. E fica tranqüilo que ela pode ser só uma amiga minha. Já olhou pra mesa onde vamos ficar? – Juntos, olhamos a mesa que estava com algumas mulheres, todas “bonitas” de corpo e beleza. – Eu posso levar uma delas pra cama e a Yasmim só ser uma convidada minha para sentar a nossa mesa. – Bati no ombro dele de leve – Relaxa bicho.
_Vê lá o que você vai fazer “nego véio” – Sorriu de lado.
_Eu sei o que estou fazendo e onde estou me metendo Leo.

   Mal sabia eu que horas depois eu iria lembrar dessa nossa conversa e principalmente do sermão que Leo me dera naquela noite.

...

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