Capítulo 15



   Tudo naquele dia estava mais lindo, fui caminhando para a faculdade e até estranhei por ter chego alguns minutos antes de começar a aula. Anne e Larissa me olhavam e passavam sms:

“Esse sorriso bobo na cara? Anne.”

“Transou ontem? Ñ me contou nada? Bandida.
By: Lari”

   Comecei a rir baixinho enquanto o professor dava aula. No intervalo antes de me encontrar com elas passei um sms para Vitor:

“Que horas vc chega?”


   Enquanto eu não era respondida fui até a cantina, Larissa e Ariane me olhavam maliciosas.

_Vai falar quem te deixa tão feliz pela manhã? O Murilo não é porque ele está de papo com a Mylena.
_Não é o Murilo Anne.
_Então quem é?
_Um cara que eu conheci.

   Continuei conversando e no fim da aula meu celular tocou, Vitor estava ligando pra mim.

_Oi
_Ta podendo falar?
_Sim
_Tô chegando hoje a tarde por aí.
_Ok, eu espero. Beijos.

   Fui para casa feliz. Pela tarde, caprichei no visual e disse para Isabela que ia para o curso de inglês, realmente eu iria, enquanto Vitor não chegasse na cidade, o que não demorou muito. Assim que entrei na sala, ele me mandou um sms:

“Estou te esperando naquela pracinha perto da sua casa.”

   Saí da sala, peguei uma condução e fui ao encontro dele. Estava ansiosa, mas ele teria que me dar uma boa satisfação sobre a nossa briga.



Victor...


   Passar aqueles dias sem ligar para Yasmim foram os piores. Eu estava mal e por alguns dias refletia sobre esse nosso relacionamento, não existia algo definido. Não éramos namorados, mas eu a estimava e não queria perdê-la, porém, ela era uma jovem ainda e tinha muitos planos pela frente. Já sabia que não iria tê-la para sempre, decidi então, aproveitar cada minuto em que podia ao lado dela.

   Fiquei esperando-a naquela praça. Estava visivelmente disfarçado mas ainda sentia algo incomodar, algumas pessoas me olhavam estranho, talvez achando que eu fosse alguma ameaça. Esqueci de tudo e todos ao meu redor porque ela estava se aproximando, seu cabelo cor de paixão lhe entregavam, em seu corpo, aquele traje me deixava com vontade de vê-la sem ele. Ela se aproximou com as mãos nos bolsos do short.

_Esse seu disfarce engana qualquer um, menos a mim.
_Minha pequena.

   Levantei do banco para abraçá-la, inalei aquele perfume gostoso que só ela tinha.

_Quer andar ou pode ficar por aqui?
_Senta Vic... – Sorriu – Vitor. Precisamos conversar.

  Sentamos e eu logo procurei sua mão para entrelaçar.

_O que foi aquilo? Precisava desligar o celular na minha cara e ainda passar dias sem me atender?
_Desculpa Yasmim, eu sei que errei, mas é que... Eu precisava desse tempo para pensar.
_Porque pensar? Em que?
_Você é uma menina, eu sou um homem. Não quero te prender em algo que nem eu sei o que é.
_Eu sei o que estou fazendo, ok?

   Sorri como um bobo, ela me passava uma segurança enorme. Aproximei meus lábios nos dela e pedi passagem para minha língua invadir, ela cedeu e o nosso beijo foi ficando mais intenso, mais forte. Finalizei rapidamente, nós estávamos em uma praça onde naquele horário tinha crianças em todos os lugares.

   Ficamos andando de mãos dadas por ali, me sentia um garoto, um menino, daqueles que namora escondido com a menina mais perfeita do colégio. Ficamos conversando um pouco até eu perceber que já estava anoitecendo.

_Vou te levar pra casa. Vamos.
_Vitor, posso te pedir uma coisa?
_Já começou, então termina.
_Me deixa dormir de novo com você?

  Aquele olhar dela me fazia dizer sim em tudo o que me pedisse. Eu me rendia aos seus encantos, era algo impossível, como uma garota me dominava tanto assim?

_Sua mãe, ela não vai brigar?
_Eu digo que vou estudar na casa de uma amiga. Por favor!
_Ok, agora vamos.

   Levei Yasmim até a frente do edifício, ainda nos beijamos e essa nossa despedida rendeu por cinco minutos.

_Volto pra te buscar as oito, está bom assim?
_Perfeito! – Abriu a porta do carro. – Tchau.

   Me deu um selinho e se foi. Dessa vez não iria levá-la para um motel, Yasmim não merecia isso. Fui para o hotel, jantei e fiquei esperando a hora certa para buscá-la. 



Yasmim...

    Entrei pela sala, falei um oi rapidamente e fui correndo para meu quarto. Se eu iria dormir com Vitor queria ousar, procurei em meus pijamas alguma camisola que não tivesse bichinhos na frente, me odiava por não ter pensado nisso antes. Achei um conjunto de seda, não era tão sexy mas não tinha bichinhos estampado, menos mal.

   Joguei isso e outras coisas na minha bolsa de colégio mesmo, estava nervosa. Passei no quarto de Isabela e roubei um óleo pós-banho para o corpo que ela usava e era super cheiroso, tomei um banho, e só saí do quarto quando minha mãe avisou que o jantar estava pronto. Ao me sentar a mesa, ela estranhou.

_Vai pra onde vestida assim?
_Esqueci de te avisar mãe, vou pra casa da Anne dormir lá tá?
_Em plena segunda-feira Yasmim? Nem pense que vai, antes precisa me explicar porque está faltando as segundas à tarde o curso de inglês? Estou pagando em vão?
_Desculpa mãe se eu coloco os estudos da faculdade em primeiro lugar. Iria hoje para casa da Anne pra estudar, tenho que recuperar a prova da semana passada.
_Sei... Espero que seja isso. Se não quiser mais fazer o curso me avise, não vou ficar pagando pra você faltar.
_Eu sei...

   Me servi e percebi que Isabela quase não me encarava. Não tinha culpa se ela estava mal com a vida. Terminei de ajudar minha mãe e fui pro meu quarto, recebi uma mensagem:

“Estou na frente do edifício”

   Meu coração bateu forte. Peguei minhas bolsa, passei pela sala.

_Mãe, já vou. A Anne está me esperando aí na frente.
_Tudo bem. Juízo mocinha.

Assim que abri a porta, Isabela me interrompeu.

_Vou descer com você Yasmim, vou na lanchonete.

   Lancei um olhar fuzilante para ela. Entramos no elevador caladas, mas já estando dentro e sem ninguém, ela puxou assunto.

_O que você vai aprontar pirralha?
_Me esquece Isa.
_Você não vai dormir na casa da vadia da sua amiga né?
_Te interessa saber? Da minha vida cuido eu. – rolei os olhos.
_Ao menos se previna...


   A porta do elevador abriu e ela saiu na minha frente, senti que ela olhou para o carro de Vitor, olhou para trás, me encarou e saiu andando pela calçada. Entrei no carro dele, o beijei rapidamente e joguei minha bolsa no banco de trás.

...

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