Capítulo 22



 Yasmim andava de um lado para outro do quarto, chorava desesperada.

_Vitor, e agora?
_Calma Yasmim, eu... Nós... – Simplesmente não sabia o que dizer.

  Estava com medo, me xingava mentalmente, sempre fui tão certo quanto a isso e agora por uma garota provocante me deixei levar.

  Ela parou, fez um sorriso entre o choro.

_Isabela.
_O que tem ela? Espera, não vai ligar pra ninguém esse horário, ela vai pensar que eu fiz algo horripilante com você... Vai pensar que eu fiz a forç...
_Cala a boca Vitor, não é nada disso.

  Ela correu até a bolsa, tirou de lá uma cartela pequena.

_Só não sei como usar. – Sentou na beira da cama e voltou a chorar.
_O que é isso? Me dá aqui. – tomei da sua mão enquanto ela soluçava.
_É a pílula do dia seguinte, Isa me deu mas... Como usá-la se não sei.

  Naquela mini cartela existia dois comprimidos, eu tinha certeza que ela teria que tomar os dois.

_Vem comigo.

  Fomos até meu quarto, abri meu notebook e pesquisei sobre o tal comprimido.

_Aqui vem dizendo que você tem que tomar um agora e o outro só daqui a doze horas.

  Virei para encará-la, Yasmim estava encostada na cabeceira da cama, abraçada aos joelhos, chorando. Fui até a cozinha, peguei um copo com água e voltei para o quarto, sentei do seu lado.

_Toma, procura se acalmar.

  Assim que ingeriu o comprimido, Yasmim enrolou-se nos meus lençóis, deitei junto com ela, puxando-a para mais uma vez encostar a cabeça em meu peito.

_Fica calma Yasmim, tudo vai dar certo.
_Se der errado Vitor... Eu to com medo. – Ela soluçou e o choro ficou alto.
_Não vai dar nada de errado. Estou com você, confia em mim? – Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça. – Ok. Agora descansa.

  Apaguei a luz, desliguei o abajur, o choro foi cessando. Beijei o topo de sua cabeça, sussurrei:

_Eu te amo.



Yasmim...

   Adormeci nos braços de Vitor, mas antes disso, ouvi quando disse que me amava. De tanto driblar para que minha primeira vez não fosse horrível, acabou sendo. Frustração, era o que me dava só de pensar na noite anterior.

   Ao abrir os olhos, virei meu corpo, não achei Vitor na cama. Levantei-me só porque o calor estava infernal e eu não sabia onde estava o controle do ar condicionado. Estiquei-me antes de sair da cama, ao por meus pés no chão, olhei para a varanda, empurrei as cortinas e a visão foi perfeita! O dia estava lindo lá fora, o mar como sempre, meu preferido. Abri o portão que dava acesso e fui para as grades, o vento serpenteava meus cabelos, deixando-os emaranhados, também me trazia um cheiro da infância quando inúmeras vezes meu pai nos levava para casa de praia que sempre alugava. Porque lembrar do meu pai em um dia tão perfeito? Estava prestes a chorar mas senti mãos envolverem minha cintura e aquela voz rouca sussurrar:

_Hoje você está depravada, já percebeu que está sem calcinha?

   Arregalei meus olhos, senti um vento justamente por baixo da minha camisola, tentei cobrir com as mãos e Vitor sorriu atrás de mim.

_Deixa assim, ninguém ta vendo.

   Me virei envergonhada e encostei a cabeça no peito dele, Vitor ria sem parar e me abraçou cheirando fortemente meu pescoço.

_O café tá na cama. Vem.

  Entramos no quarto e antes de qualquer coisa, fui ao banheiro, fiz minha higiene, ao sair de lá Vitor estava sentado na cama, servindo-se com um copo de suco. Sentei frente a ele e peguei um pedaço de melancia.

_Como foi a noite? Dormiu bem?
_Em seus braços acho que qualquer mulher deve dormir bem.

  Ele fez um meio riso e me olhou.

_E quanto sobre aquilo, está melhor?
_Estou mais calma, agora não tem como errar. Espero que esse fim de semana que nos resta nada possa nos atrapalhar mais uma vez.

  Ele suspirou, falei algo que não devia.

_Tem uma caixa de camisinha se você quiser. – Apenas rir sem parar. – Não vai acontecer novamente, eu prometo.
_Assim espero, pelo menos até eu ir à doutora e começar a tomar comprimidos.

   Terminamos nosso café da manhã em carícias, beijinhos, coisas de casal meloso. Desci com a bandeja e fui limpar a bagunça que Vitor tinha deixado na cozinha.

_Sai já dessa cozinha. Eu te falei, são minhas bagunças, logo, eu arrumo.
_Então vem me ajudar.

   Terminamos tudo, acabei levando-0 para tomar banho comigo. Entre carinhos, beijos intensos, terminamos. Coloquei meu biquíni, um vestido leve por cima e de mãos dadas fomos caminhar na praia que parecia ser deserta, paramos em um certo ponto e sentamos ali, de frente pro mar. Sentado atrás de mim, Vitor envolveu suas mãos em minha barriga, fez um risinho, virei meu rosto para encará-lo.

_O que foi?
_Nada... Esquece.
_Fala pra mim? – Me virei e fiquei de joelhos roubando selinhos.
_Sabe... Não se chateie com o que vou falar, mas sobre o acidente de ontem, tenho que agradecer a sua irmã ter te dado aquela pílula. Não me sinto preparado para ser pai, você também não... Temos uma vida pela frente, não daria certo, entende?

   Baixei minha cabeça e procurei forças dentro de mim para não chorar. Aquilo doeu, por mais que ele estivesse certo, às vezes Vitor machucava as pessoas com seus pensamentos altos fora de hora. Ele retirou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da minha orelha.

_Não está chateada, ou está?

 Ergui meu rosto para sorrir, mesmo sentindo meus olhos marejados.

_Não, eu só... Não quero pensar nisso.
_Então esqueçamos desse assunto. Que tal?
_Tem razão.

   Me virei para sentar, senti suas mãos envolverem minha cintura, fiquei por alguns segundos chateada, não queria deixar transparecer, só queria ficar em meu mundo de pensamentos. Sentindo que não retribuía aos carinhos dele, Vitor beijou minha nuca e tudo em mim se arrepiou, acho que até minha alma. Me mexi meia sem jeito.

_Está tensa?
_Não é nada.

   Seus lábios agora repousavam em meu pescoço, próximo a minha orelha. A essa simples carícia, finquei meus dedos em suas coxas e percebi que ele se animou, algo entre suas pernas ganhou volume na bermuda. Aproveitando essa troca de carinhos, encostei minha cabeça em seu peito, minhas mãos subiram para sua nuca, entrelaçando meus dedos em seu cabelo. Se alguém nos visse, apenas estávamos admirando o mar, meu olhar estava tão penetrante no horizonte a minha frente, que mal sabiam que meu corpo já clamava por Vitor. Ele parou com o que estava fazendo, saiu de perto de mim, levantou-se.

_Vou molhar o corpo, fica aí.

   Antes que eu virasse o rosto para encará-lo, ele já tinha retirado sua bermuda e foi em passos largos em direção ao mar. Levantei-me, retirei meu vestido e fui em sua direção, as ondas quebravam em meu corpo e minha ansiedade de chegar perto dele só aumentava. Vitor estava tão empolgado nos seus mergulhos, que sequer notou minha presença ali, abracei-o por trás quando ele já estava em pé, beijando suas costas, ele virou para me encarar.

_Porque veio?
_Acha que vou ficar sozinha ali, quero aproveitar cada minuto com você.

   Nos abraçamos e ficamos assim, sentindo as ondas passando por nós. De repente, senti necessidade de um beijo, afastei nossos corpos e procurei por seus lábios que no momento tinha um gosto salgado por conta da água do mar, mas ao invadir por completo e sua língua e a minha sincronizarem perfeitamente, sentia apenas o gosto dele. Mesmo com a água fria do mar, algo em nós estava elevando a temperatura. Nossas mãos tateavam pelo corpo, as minhas estavam agarradas a sua nuca, as dele, apalpavam meu bumbum, me puxando mais para si. Aos poucos nosso beijo foi sendo finalizado, com diversos selinhos.

_Sai da água, vou em seguida.
_Porque você não vem comigo?
_Porque será Yasmim? – Olhou para baixo.

  Eu entendi o recado e voltei para a areia, onde nossas coisas estavam por lá. Estava frio, coloquei meu vestido novamente e fiquei esperando-o voltar, ele vinha bem devagar, mexendo no cabelo para tirar a água contida nele.

_Vih. – estiquei meu lábio inferior.
_Fala. – Deu um selinho.
_Tô com fome.
_Tá afim de ir a um restaurante? Pode ser aquele perto ou se quiser, podemos pedir, comermos em casa.
_Tanto faz.

   Voltamos para casa, decidimos ligar para pedir nosso almoço. Aproveitei o momento para tomar o segundo comprimido, a pílula que restava para o tratamento. Enquanto o ajudava a preparar a mesa, conversávamos.

_Você falou que vai na doutora.
_É, minha mãe sempre vai em uma ginecologista que é legal.

  Ele limpou a garganta, estava tenso, pude ver.

_E sua mãe sabe sobre nós?
_Não. Falei pra ela que iria viajar com um ex.
_E o que tem? Poderia ter contado a verdade.
_Tá louco né? Nem sei qual será a reação dela ao saber um dia que eu me perdi com o meu ídolo.

  Vitor riu gostosamente e me abraçou por trás enquanto eu colocava o ultimo copo na mesa.

_Por isso que gosto desse seu jeito Yasmim.

   O almoço chegou e comemos calados, claro que como fã eu tinha várias perguntas para fazer a ele, mas seria tenso porque ali estava o Vitor e não o Victor.

   Após o almoço, organizei as coisas na cozinha e fui procurar por Vitor, achei-o na varanda do quarto que ele estava usando.

_A vista é linda.

  Ele virou-se e me olhou com um sorriso bobo, veio em minha direção.

_Ainda não existe vista mais linda para meus olhos do que você.


  O abracei e ficamos assim por alguns segundos. Eu estava com medo de lhe propor algo que ele talvez fosse recusar, criei forças e sem querer saiu dos meus lábios:

_Vim te chamar para tomarmos um banho. Aceita?

...

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