Capítulo 19
Malas prontas, bolsa com todos os
documentos necessários e um aperto no coração. Medo? Talvez.
Só naquele começo de tarde eu chequei
mais de oito vezes se tudo estava pronto. Andava pelo quarto, olhava pela a
janela. O porquê de tanta demora? Já estava desistindo dessa viagem. No celular
chegou uma mensagem:
“Pronta? Já estou chegando na cidade.”
Meu coração parecia sair pela boca, não podia mais ficar ali sozinha, fui para a sala, mais precisamente para a varanda e olhava para a rua sem parar.
“Pronta? Já estou chegando na cidade.”
Meu coração parecia sair pela boca, não podia mais ficar ali sozinha, fui para a sala, mais precisamente para a varanda e olhava para a rua sem parar.
_Yasmim, ele vem que horas?
_Já me mandou uma mensagem avisando
que estava chegando, mãe.
_Não e muito bom pegar a estrada no
fim de tarde.
_Eu sei.
Não sabia onde Victor me levaria,
queria essa surpresa. Por ironia do destino, naquela sexta-feira minha mãe e
Isabela decidiram não ir trabalhar. Um carro preto se aproximava e meu coração
acelerou, sempre que vinha me pegar, Victor alugara um veículo daquela cor. O
vidro baixou e mesmo da altura onde situava o apartamento, eu consegui decifrar
que era ele.
_Vou nessa, ele chegou. – Fui para
meu quarto.
Peguei minha mala, minha bolsa. Antes
de sair do quarto olhei ao redor, como sempre, sentia que iria esquecer de algo
importante, mas seja lá o que for, era tarde demais. Fechei a porta e passei
pela sala.
_Ele bem que poderia subir né?
Engoli seco, os meus batimentos
cardíacos poderiam ser ouvidos por alguém se aquela TV não estivesse ligada.
Olhei para Isabela suplicando e pensando “Me tira dessa!”, ela, por sua vez,
sentada como uma Deusa, passando esmalte da cor preta em suas longas unhas, me
olhou com desdém, rolou os olhos.
_Não dá mãe, você mesma falou que não
podemos pegar a estrada tarde demais.
_Tudo bem, eu vou com você e te ajudo
a levar a mala.
A cada passo que minha mãe dava em
minha direção, eu pensava já estar dentro de um saco preto de IML,
definitivamente estaria morta se ela descesse e percebesse que o “Murilo” era o
Victor. Claro que não o reconheceria, não naquele boné e óculos escuros, mas
estava estampado que o rosto dele não era de um menino moleque que cursava
faculdade.
_Espera mãe. Eu ajudo a Yasmim a
levar a mala, fica aí assistindo o programa e pega essa receita, vamos fazer
amanhã.
Todo o ar que estava preso, eu soltei
em um riso. Isabela era a minha irmã vadia, vagabunda, que amava muito e sempre
quebrava um galho pra mim.
_Então, venha cá minha pequena. –
Minha mãe me abraçou – Mantenha a calma. Lembre-se, nada acontecerá se você não
quiser. Se não se sentir pronta, fale. Estou aqui, com energia positiva de que
tudo vai dar certo.
_Valeu mãe. Qualquer coisa te ligo.
_Me ligue quando chegar... E não se
esqueçam da camisinha.
_Ok.
Quando dei por mim, Isabela já estava
dentro do elevador, segurando-o para que eu entrasse. A porta se fechou atrás
de mim e diferente dela, não era orgulhosa.
_Obrigada Isa.
_Eu como sempre, limpando suas
sujeiras. Quero só ver até onde isso vai dar.
_Também te amo Isa.
Ela retirou algo do bolso da calça.
_Toma. – Me entregou – Com certeza
você vai precisar. Agora, cala a boca e não fala nada pra mamãe!
Sei lá que comprimidos eram aqueles.
Fiquei pensativa, imaginando quando fosse usar isso. A porta do elevador abriu
e antes de sair, Isabela sussurrou:
_É a pílula do dia seguinte, idiota!
_É a pílula do dia seguinte, idiota!
Já podia ouvir meu coração batendo
forte de novo quando me aproximei do carro. Victor fez menção de sair mas andei
rápido e fechei a porta.
_O que é isso mocinha? É assim que me
recepciona?
_Se você descer, me considere uma mulher morta. – Olhei para onde estava a minha mãe, da varanda, de lá de cima acenando. – Me dá a chave que eu coloco minha mala lá dentro do bagageiro.
_Se você descer, me considere uma mulher morta. – Olhei para onde estava a minha mãe, da varanda, de lá de cima acenando. – Me dá a chave que eu coloco minha mala lá dentro do bagageiro.
Meio assustado, ele me entregou e
junto com Isabela, colocamos a mala. Abracei-a, mesmo ela não merecendo. Ela
sussurrou em meu ouvido:
_Se não se sentir preparada, não faça nada pirralha. Sei que ele vai entender.
_Se não se sentir preparada, não faça nada pirralha. Sei que ele vai entender.
Afirmei com a cabeça e entrei no
carro. Eu tremia, não conseguia puxar assunto e ficamos assim até nos sentirmos
seguros naquela estrada, sem ninguém para presenciar aquele encontro. Aos
poucos fui olhando de esguelha para ele, toquei sua mão que repousava na
marcha. A esse simples toque, nossos olhares se cruzaram, rapidamente ele jogou
o carro para o acostamento, parando o veiculo, soltamos o cinto de segurança e
o abracei.
_Estava com saudades de você.
_Então imagina como eu estava de
você, minha pequena.
Me afastei um pouco e selei nossos
lábios, nos beijamos com vontade, só queria que aquele momento durasse e
esticasse por toda a eternidade. Nos acariciamos rapidamente e após o beijo,
mais uma vez nossos olhares se cruzaram.
_Como você está?
_Bem, estava morrendo de saudade.
_Eu também, está preparada para essa
viagem?
_Sim. Vê lá pra onde está me levando
hein.
Sorrimos e a viagem permaneceu
tranqüila, vez outra parávamos para comer algo e assim chegamos ao destino.
Aquela cidade eu já tinha ido, mas não me lembrava muito. O vento me trazia
aquele cheiro de mar, o que me fazia fechar os olhos me imaginando já de frente
para ele. Como ele sabia que entre o campo e o mar eu era apaixonada pela
segunda opção?
Paramos em uma casa, longe das outras, parecia ser muito luxuosa só de olhar aquela grama verde, macia, bem cuidada. Tinha uma piscina enorme de frente para o mar, eu estava me sentindo uma criança, porque já queria pular para dentro dela ainda com as minhas vestes do momento.
Paramos em uma casa, longe das outras, parecia ser muito luxuosa só de olhar aquela grama verde, macia, bem cuidada. Tinha uma piscina enorme de frente para o mar, eu estava me sentindo uma criança, porque já queria pular para dentro dela ainda com as minhas vestes do momento.
_Vem, vamos ver o por do sol. –
Segurou minha mão assim que estacionou o carro na garagem.
Paramos na beira da praia, Vitor me
abraçou por trás e ficamos assim, nesse clima, em silencio, apenas admirando e
apreciando aquele momento. As ondas vinham com tamanha velocidade e quebravam,
chegando próxima aos nossos pés descalços com uma certa leveza. Como sempre
fazia desde criança, não parava de olhar para o fim daquele mar, ele sempre
trazia um mistério e me deixava mais relaxada, mais revigorada.
_Nunca imaginei que poderia te ter
por um fim de semana. – Aquela voz rouca perto do ouvido me fez voltar a
realidade.
_Se pra você era algo impossível,
imagina pra mim que sou sua fã.
Ele me apertou mais em seus braços, o
céu já estava escurecendo, as estrelas brilhavam perfeitamente. A lua? Ela
ainda não estava ali, talvez aparecesse mais tarde.
_Vamos entrar que está frio. – Ele
sugeriu.
Voltamos para a casa de mãos dadas,
era incrível como eu me sentia tão importante e segura do lado de Vitor.
Ele mexeu nas chaves e depois de três
tentativas, acertou, abrindo a porta.
_Espera aqui.
Fiquei no terraço, sentindo o vento
serpentear meus cabelos. A luz da parte exterior da casa ascendeu, logo depois,
a luz da sala. Estava entrando quando ele veio, me agarrou e me suspendeu do
chão. Ser carregada no colo era algo que ninguém fizera por mim.
_Não precisava fazer isso Vitor.
_O que tem? Sou romântico.
Assim que coloquei meus pés no chão
sorri como uma boba. Olhei ao redor e aquela imensa sala me fez ficar
petrificada nos detalhes. Lustre de cristal, Quadros, sofás... Tudo era
perfeito ali.
_Enfim sós.
Vitor sussurrou em meu ouvido e eu
senti um medo percorrer minha espinha. Queria fugir dali após essa simples
frase.
...
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