Capitulo 17




   Era algo incomodante ouvir aquele barulho chato do celular, mal tinha pregado o olho para dormir e já ouvia o despertador, desliguei bem rápido para Yasmim não acordar. Mi virei de leve e fiquei olhando para ela, que dormia como um anjo, tão perfeita. Seu cabelo vermelho estava no rosto, delicadamente, retirei-os dali, passando para trás do ombro dela.

   Me levantei, liguei para a recepção do hotel pedindo o café da manhã, enquanto não chegava, decidi ir tomar um banho. Cada parte do meu corpo que eu tocava, lembrava de Yasmim, mais precisamente da noite anterior. Aquelas mãos delicadas deixaram marcas em mim, marcas invisíveis para todos que me olhassem, mas meu espírito, minha alma, sentia como se ela ainda estivesse ali, com seus carinhos. Saí do banho, me sequei e enrolei a toalha em minha cintura, queria acordar Yasmim mas não tinha coragem, ela dormia tão perfeito que seria até castigo. Olhei para sua mochila e lembrei que ela tinha compromisso, toquei seu ombro.

_Yasmim...
_Hum. – Ela se remexeu
_Acorda, você vai se atrasar pra aula.

  Ela ainda tentou dormir mas já sabendo que teria que acordar se virou, me olhou e sorriu.

_Bom dia – Falou enquanto se espreguiçava
_Bom dia meu amor.

   Bateram na porta, eu saí de perto dela para atender. A camareira se assustou e só depois percebi que estava somente com a toalha enrolada em meu corpo.

_Desculpe, vou me trocar.
_Pode deixar senhor... – Ela lançou um olhar para mim. – Só vou colocar próximo a mesa.

   Ela arrastou o carrinho e deixou-o próximo a uma mesa que tinha no quarto, assim que saiu piscou o olho pra mim e ao vê-la fechando a porta sorri. Voltei para o quarto e pelo barulho do chuveiro sabia que Yasmim estava lá, a porta estava aberta e eu entrei, fiquei inerte vendo-a tomar banho, queria entrar no box mas algo me prendia naquele chão. Assim que percebeu minha presença ela sorriu e fechou a torneira, pegou a toalha que estava perto e se enxugou.

_Espero que tenha gostado da noite anterior.

   De uma forma sensual, ela enrolou-se na toalha e veio em minha direção, ficamos frente a frente.

_Amei. Nunca imaginei que ficar do teu lado fosse algo tão bom.

   Passei um dos meus braços pelo seu ombro e fomos assim para o quarto, sentamos a mesa e tomamos café conversando sobre coisas do cotidiano. Após o café, ela levantou-se e foi até sua mochila, separou alguns livros. Terminei de tomar meu desjejum e levantei da mesa, abracei-a por trás, ela se virou e logo procurou meus lábios, foi um beijo longo e quando demos conta, nossas toalhas estavam no chão. Fiquei um pouco sem jeito assim que juntos olhamos para baixo, senti as mãos dela espalmarem em meu peitoral e descer para o abdômen, contrai a esse simples toque, fechei meus olhos, involuntariamente mordi meu lábio inferior. Eu podia sentir sua mão descendo mais e segurando meu membro que já estava pulsando. Não queria, eu poderia me controlar e iria, afinal, eu era um homem e várias mulheres passaram em minha vida, não seria uma menina quem iria me fazer perder a cabeça...

   Tarde demais, sua mão se movia já sabendo o que fazer e quando ouvi minha voz, já sussurrava seu nome, a outra mão livre dela passou para minha nuca, me puxando para que meus lábios colassem nos dela. Não nos beijamos, mas eu gemia entre seus lábios, resfolegava, puxava o ar pesadamente.

_Eu queria tanto você dentro de mim... – Ela sussurrou ainda próxima a meus lábios

   Eu não estava respondendo por mim e guiando-a paramos na beira da cama, ela deitou e eu fiquei por cima. Como um aviso de alerta em minha cabeça eu abri os olhos e percebi o quão louco aquela situação estava me levando. Retirei sua mão do meu membro e saí de cima dela, sentei na cama, passei as mãos no meu cabelo.

_Vai se vestir, você tem aula na faculdade.
_Eu falto hoje... Mas quero você Vitor.

   Eu sentia que ela não estava preparada para fazer isso, não iria aceitar os caprichos de Yasmim, haveria outra oportunidade. Me levantei e na minha mala peguei uma cueca, me vesti ainda sob o olhar dela.

_Melhor se vestir também.
_Porque você está fazendo isso? Se eu quero é porque eu sei o que estou fazendo.
_Não, você acha que sabe, mas na verdade são só suas emoções de momento que estão te fazendo isso. – Fui até ela, sentei do seu lado – Eu sei o que estou fazendo Yasmim e o que quero pra você é algo importante. Não quero fazer por fazer, bem rápido por que estamos atrasados. Eu só quero que seja perfeito. Tenta me entender, tudo bem? – Dei um selinho em seus lábios – Agora se veste que vou te levar pra faculdade.

   Enquanto ela se arrumava, fui terminar de fazer minha mala, iria fechar a conta do hotel e de lá ir embora. Ela saiu do banheiro vestida, pegou seus livros e fomos para o elevador.

_Enquanto eu paro na recepção para fechar a conta você passa direto e vai pro meu carro. – Entreguei as chaves a ela – Entra e me espera lá.

  Tudo saiu conforme foi o combinado e logo eu estava levando-a para a faculdade. Assim que paramos, segurei sua mão e beijei delicadamente.

_Me perdoa por hoje? Eu só quero que seja perfeito tanto pra você como pra mim, Yasmim.
_Tudo bem. Eu também senti que não estava preparada, fiquei com medo. – Suspirou – Vem me ver na próxima semana?
_Talvez não. Tudo indica que teremos show. Prometo dar um jeito tá?
_Vou esperar.

   Nos beijamos rapidamente e ela saiu feliz. Estava mais tranqüilo ao ouvir da boca dela que não estava preparada, eu iria dar um jeito de fazer tudo ser especial nem que pra isso levasse um tempo.



Yasmim...

  Estava tranqüila, confiante. Devo confessar que Vitor sabia o que estava fazendo. Não sei que loucura minha achar que iria acontecer aquela manhã, eu não iria estar preparada e a minha primeira vez seria um lixo.

   Todas as aulas eu fiquei boba, sem entender nada do que se passava ali, na minha mente só vinha as cenas da noite anterior, dos meus beijos, das mãos firmes me fazendo ir ao céu.

   A semana passou rápida e sem nada de tão importante. Eu e Vitor conversávamos pela madrugada, era sempre assim.

   Aquela segunda-feira foi a mais triste de todas. No domingo ele tinha me ligado avisando que não poderia me ver e aquelas duas semanas seguintes a agenda estava lotada. Procurei me distrair ao lado de Anne e Larissa. Quando estava de bom humor, assistia um filme ao lado de Isabela e Flavio, eles não eram um casal meloso e eu agradecia internamente.

   Estava deitada, já perdendo as esperanças de ouvir a voz de Vitor naquela madrugada, fechei os olhos e tentei dormir, meu celular tocou.

_Oi amor.
_Tá podendo falar?
_Claro né Vitor. – Liguei o abajur – Como você está?
_Cansado, só liguei pra te dizer boa noite.
_Tudo bem, eu também queria ao menos ouvir sua voz.
_Então é isso...
_Vai dormir Vih, você já deve estar quase cochilando. Boa noite, dorme bem meu anjo.

   Estava esperando ele me responder para desligar, ele respirava rápido, estava nervoso.

_Vih, quer falar algo?
_Não... Na verdade, sim. – Fez uma pausa breve. – É... Então, nessa próxima semana, estamos o fim de semana de folga... Queria saber se você aceita viajar comigo.

   Muitos pensamentos apareceram em minha mente. Pensei na minha mãe, ela não iria deixar, Isabela iria querer ir comigo. E a faculdade? Se os professores passassem trabalho?


   No fundo eu estava procurando uma desculpa para recusar, porque de uma certa forma, o medo tomava conta de mim.  

... 

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