Capítulo 26
Yasmim...
Chateada. Foi assim que fiquei depois
que Vitor me fez a proposta. O que ele tinha na cabeça ao achar que eu
aceitaria que pagasse minhas aulas de balé? Na verdade, estava me ausentando
por questões de estudos mesmo. Depois que meu pai nos abandonou, Dona Marly me
deu a bolsa por me achar uma aluna exemplar.
Chegar em casa foi o que eu esperava:
Olhos atentos da minha mãe, Isabela me enchendo de perguntas depois. Comi algo
e fui dormir, já estando em um sono profundo, recebi uma mensagem:
“Baby, quando você fica comigo, viro um menino, me transformo... Te amo. Vitor.”
“Baby, quando você fica comigo, viro um menino, me transformo... Te amo. Vitor.”
Ainda estava chateada com ele e
preferi desligar o meu celular por completo ou então no outro dia não teria a mínima
condição de prestar atenção em nada da facul.
_Vamos Yasmim.
Em meio a meus pensamentos, minha mãe
me acordou do transe. Estávamos na sala de espera para entrar na ginecologista,
era nossa vez, ou melhor, minha vez.
A doutora tinha uma feição tranqüila,
calma. Sorriu para mim, abraçou minha mãe.
_Te falei que ela vinha. – Minha mãe
me abraçou.
_Oi Yasmim – A doutora estendeu sua
mão – Prazer, sou Marla.
_Prazer é todo meu.
_Entrem.
O consultório era amplo, tinha um
sofá do lado esquerdo, as duas cadeiras frente a mesa dela, sentamos nela.
_Bom Marla, minha menina... Se tornou
mulher. – Me abraçou de lado e morri de vergonha.
_Yasmim, pode me dizer quando foi? –
Estava preenchendo algo em uma filha.
_Sexta-feira... Passada.
_Se preveniram?
Fiquei alguns segundos calada, não
sabia o que dizer. Minha mãe me mataria se soubesse do “acidente”.
_Responda a doutora, Yasmim. Credo! –
Me repreendeu
_Si-sim – Gaguejei
Depois de vários minutos ouvindo ela
me dar uma aula sobre gravidez, DST, Aids, tudo o que já tinha lido em matérias
de revistas e palestras que participava, ela ainda fez um relatório sobre
doenças na família, coisas chatas que minha mãe respondeu por mim. Até estava a
vontade ali, conversamos sobre anticoncepcional e ela prescreveu um para mim.
Levantou-se e deduzi que a consulta tinha acabado.
_Obrigada Doutora, foi um prazer
conversar com você.
_Ainda não terminamos. Venha.
Com meus olhos acompanhei sua ida a
outro local da sala, ela puxou uma cortina e lá estava uma maca diferente. Meu
sangue ferveu pelas minhas veias e senti toda a vermelhidão instalar no meu
rosto.
_Vamos Yasmim. – Minha mãe colocou as
mãos nas minhas costas.
_Mas como? Por quê? Eu não vou subir
nesse troço. – Estava aflita.
_Venha aqui Yasmim e vamos conversar.
– Me aproximei da doutora. – Isso é para sabermos como anda sua saúde, não vai
doer, é só seguir o que eu mandar você fazer. Mas fica a seu critério se quer
ou não.
_Claro que ela quer. – A voz da minha
mãe ecoou no ambiente. Engoli seco. – Achou que ser mulher era só lado bom? São
essas coisas chatas mas que nos ajudam a prevenir várias doenças, minha filha.
_Mãe, você não entende... Eu... –
Fiquei sem fala, quase chorando.
Com olhar, repreendendo-me, minha mãe
ficou por segundos calada.
_Ok, eu saio pra você ficar mais a
vontade. – Saiu e foi sentar no sofá.
Ainda estava aflita, queria correr,
fugir dali.
_Calma Yasmim, isso é normal. Sei que
você vai ficar assustada mas enfim, estamos falando da sua saúde e eu sou uma
profissional, ok?
Estava um pouco mais calma. Assenti
com a cabeça
_Muito bem, retire sua roupa de baixo
e deite-se. – falou enquanto puxava as cortinas.
Fiz tudo como necessário e me deitei
esperando sabe-se lá o que ela fazer em mim. Me veio na memória minha primeira
vez, transei sem camisinha. E se a pílula não deu certo, e se...
_Doutora. – Toquei em seu braço.
_Pode falar Yasmim.
_Se eu confessar algo... Minha mãe
vai saber?
_Sou uma profissional, o que fica aqui, morre aqui. A não ser que seja algo muito grave e venha trazer complicações depois.
_Sou uma profissional, o que fica aqui, morre aqui. A não ser que seja algo muito grave e venha trazer complicações depois.
_Eu... A minha primeira vez... Foi
sem camisinha. Esquecemos sabe? – Olhei para ela assustada.
_Jovens... – Ela fez um meio riso.
_Mas eu tomei a pílula do dia
seguinte, fiz tudo correto.
_Em uma situação como essa foi o
certo a fazer. Mas seu parceiro deveria ter lembrado disso, mas só vou
considerar porque acho que deve ser jovem igual a Você.
Ela não sabia, mas o Vitor de jovem,
ele não tinha nada. Foi um erro mais meu que dele, eu o provoquei e me insinuei
para ele naquela noite.
Após meu sofrimento dentro de uma
sala de ginecologista, recebi mensagem de Ariane e Larissa, estava com saudades
delas e fui para a quadra da faculdade onde estava rolando jogo de vôlei.
_Até que enfim, apareceu. – Anne me
abraçou
_O que houve que você decidiu sumir
do mapa esse fim de semana?
_Viajei, precisava resolver umas
coisas.
Sentei na quadra para assistir o
jogo, Larissa pulava e gritava torcendo. Anne apenas trocava olhares comigo e
sorriamos.
_Deus, nunca pensei que ser mulher fosse tão difícil. Tá me incomodando, maldita visita a ginecologist... – Parei de falar ao ver Ariane e Larissa me olharem assustadas.
_Deus, nunca pensei que ser mulher fosse tão difícil. Tá me incomodando, maldita visita a ginecologist... – Parei de falar ao ver Ariane e Larissa me olharem assustadas.
Saiu sem querer, não ia falar tão
cedo que tinha perdido minha virgindade.
_Morango, aconteceu aquilo...
_Com quem Yasmim? Como foi? O Murilo
estava na balada sábado. Não foi ele? Tá de namorado?
_Para de me encher com perguntas
Lari. Sim, aconteceu mas não posso falar aqui. – Olhei ao nosso redor
Senti as mãos de Ariane me puxarem e
saímos da quadra, Larissa nos acompanhava em seus longos saltos.
_Me fala agora como foi, Morango.
_Também quero detalhes.
Queria tanto dizer a elas que o Vitor
era o homem perfeito pra minha vida, mas tive que mentir.
_O Daniel, um amigo da Natalie.
_Quem é Natalie? Morango, está nos
traindo nas amizades?
_Natalie deve ser a esquisitona fã da
dupla lá. – Larissa começou a saltar altas gargalhadas – O cara não é fã dessa
duplinha não né?
_Cala a boca Lari. Não fala mal do
Victor e Leo. – Repreendi-a. – Não, enfim. Viajei com ele e aconteceu. Pronto,
é isso.
_Só? – Ariane me olhou decepcionada –
Mas ele foi romântico, doeu?
Respirei fundo e diante delas
implantei uma mentira. Relatei tudo, para elas, era o Daniel, um cara que nem eu
sabia quem era. Para mim, era o Vitor, o cara mais perfeito que falou que me
amava. Aliviei um pouco a minha tensão conversando com elas, Larissa insistia
em querer saber se ele tinha facebook, se tinha fotos com ele, eu neguei até o
fim.
Cheguei em casa um pouco mais
tranqüila, antes de dormir, meu celular tocou.
_Oi.
_Ainda está com raiva de mim?
_Nunca, só estava chateada. Vamos
esquecer porque hoje estou carente. Está onde?
_No hotel, antes de sairmos pro show
decidi te ligar. Estou com saudades.
_Eu também – Suspirei.
Ficamos em silencio, apenas ouvindo
nossas respirações, não tínhamos assunto, ou melhor, tínhamos mas a coragem era
que faltava.
_Está carente por quê?
_Porque será? – Insinuei.
_Eu também estou, queria muito ter
você em meus braços essa noite.
_Quando vamos nos ver?
_Darei um jeito, mas acho que
sexta-feira está impossível.
_Ok.
_Como foi seu dia?
_Fui à doutora.
_Fui à doutora.
_E aí?
_Estou dolorida, ela fez uns exames.
– Sorri com vergonha.
_Queria está aí para cuidar de você
justamente hoje.
_Eu iria adorar.
Ouvi alguém falar com ele.
_Yasmim, tenho que desligar.
_tudo bem, vai lá.
Ele desligou sem ao menos desejar um
“eu te amo”, o que me deixou triste e com medo. Será que ele só queria me usar
e agora estou sendo uma pedra em seu sapato? Sentei na cama e fiquei sentindo
as lagrimas molharem meu rosto, meu celular apitou, uma nova mensagem:
“Beijos na sua boca, no seu corpo. Te amo. Vitor.”
“Beijos na sua boca, no seu corpo. Te amo. Vitor.”
Sorri como uma boba. Segundos depois
veio outra:
“Amo-te, amo seu
corpo, amo tudo em você.
Não esquece disso
minha amada.”
...
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