Capítulo 29



Victor...

   Após me despedir de Yasmim, a saudade apertou. Aquele ataque de ciúmes nunca acontecera comigo, logo eu, sempre tão calmo, seguro, estava perdendo a cabeça por causa de uma menina. Só existia uma explicação para esse acontecimento: Estava amando-a loucamente e com medo daquela paixão se tornar algo forte ao ponto de não responder pelos meus atos.

   O fim de semana ocorreu sem muitas alterações, sempre ligava para Yasmim pela madrugada e depois ia dormir. Na madrugada do domingo para segunda, liguei para ela, até estranhei porque ela prontamente atendeu.

_Oi Vih. – Sua voz estava cansada.
_Acordada, uma hora dessas?
_Tô terminando um trabalho da faculdade. Tudo bem?
_Agora sim, estou falando com você e isso me alegra.

   Ouvi um meio riso vindo dela, já imaginava seu rosto enrubescendo de tamanha vergonha.

_Me espera, hoje pela tarde estou chegando aí.
_Vou tentar te dar atenção, mas é que... Vih, estou em semana de provas.
_Quer que eu não vá, é isso?
_Claro que não. Pode vir.
_Então tá. Posso te ajudar a estudar.
_Você? Não, a ultima coisa que faríamos era estudar – Ela riu gostosamente.
_Vou te deixar em paz. Só liguei pra ouvir sua voz e dizer que te amo.
_Eu também te amo, muito.

   Desligamos e tentei dormir. Como sempre, pela manhã arrumava minha mala e ia para a cidade onde Yasmim morava, sempre acabava chegando pela tarde.

  Ao entrar no hotel, peguei um jornal e uma idéia surgiu em minha cabeça. Estava em um momento em que achava nosso relacionamento algo sério, os fatos e meus sentimentos diziam isso para meu interior. Subi para o quarto e já estando dentro dele, liguei para alguns corretores de imóveis, estava decidido a ter uma vida ali, não me mudaria cem por cento, mas pelo menos teria algum canto para levar Yasmim para passar as noites comigo.

  Após relaxar em uma ducha, liguei para ela.

_Oi amor.
_Está onde?
_No curso de inglês.
_É muito longe?
_Vou te passar as coordenadas.

   Em alguns minutos já estava de frente para o curso de inglês, esperando-a. Olhando assim para Yasmim, ela era uma mistura de menina mulher. Suas vestes eram de uma adolescente, mas seu rosto, até seu corpo agora demonstrava amadurecimento.

_Oi – Entrou no carro e me beijou.
_Vamos para onde, senhorita?
_Me leva pra algum canto que refresque essa minha sede que estou sentindo.

   Não fomos para muito longe, paramos em um quiosque de sorvete. Olhando assim para ela, parecia ser uma moleca, empolgada em seu sorvete e falando coisas do seu cotidiano, sobre como ia a faculdade. Terminei meu sorvete e fiquei admirando-a colocando as ultimas colheradas na boca, aquela boca que eu desejava mais e mais para beijar. Duas garotas se aproximaram do quiosque e nos olharam estranho.

_Morango? – Uma delas sussurrou e Yasmim prontamente se virou.


Yasmim...

   Isso não poderia estar acontecendo, logo hoje Larissa e Ariane resolvem me encontrar na rua. Um medo tomou conta de mim, mesmo sabendo que Vitor estava bem disfarçado em seu boné e óculos escuro. Umas das outras vantagens, elas não conheciam bem a dupla, o que me ajudava bastante. Pelo olhar de Ariane, percebi que ela estava desconfiada, não parava de olhar para ele que estava atrás de mim.

_Oi meninas.
_Pensei que estivesse na aula de inglês, morango.
_Faltei Anne.
_Oi pra você – Ela inclinou um pouco a cabeça para encarar Vitor.

  Bastante sem jeito, Vitor fez um gesto afirmativo com a cabeça.

_Bom meninas, esse é o Daniel... Meu namorado.

  Vitor ficou espantado, as meninas se aproximaram rapidamente dele.

_Prazer, Ariane.
_Satisfação, porque o prazer vem depois. Larissa. – Estava ficando com ciúme do olhar de Larissa para com ele.

   Pigarreei pra ver se Larissa acordava do transe e soltava a mão que estava entrelaçada com a de Vitor, ainda em saudações. Ficamos em um silencio desagradável, Anne puxou assunto.

_Então Morango, hoje falei com a turma de engenharia e eles confirmaram a balada de sábado. Você vai né?
_Não sei.
_Poxa Yasmim, você nos abandonou mesmo, deveria ir.

  Olhei para Vitor sem jeito.

_Aí... Ô Daniel, se você quiser ir, seria uma boa.
_Obrigado. – respondeu quase em um sussurro para Ariane.

   Estávamos um olhando para o outro, meio sem jeito.

_Bom, eu vou nessa. Amanhã nos falamos na faculdade. Tchau meninas

   Passei meu braço pelo de Vitor e fomos caminhando em passos lentos, ele estava sem jeito e assim permanecemos até chegarmos no carro. Antes de ligar o motor, ele fez um risinho.

_Daniel?
_Desculpa Vitor, mas é que sem querer falei pra elas que tinha perdido minha virgindade e elas quiseram detalhes.
_Não entendo. – Encostou-se no assento – Se elas são suas amigas porque não falar a verdade?
_Por vários motivos. Elas vivem me caçoando por ser fã de vocês, se eu contasse isso, claro que elas não acreditariam, mesmo eu te mostrando, elas iriam me chamar de mentirosa porque sequer sabem como é o rosto de vocês.
_Tem vergonha de mim?
_Nunca. Mas Vitor, você mais do que todo mundo sabe, uma vez que rola um boato, ou é, ou está pra ser, ou será. Imagina se elas abrem a boca e surgem os boatos, depois vai parar em sites, vão juntarem os fatos e chegarem a conclusão que estamos juntos. Por mim tudo bem, mas e você? E se caso isso vir tornar a publico e nos prejudicar? Pensa nisso.
_Tudo bem. Você está certa. Vou te levar para casa, tem que estudar.
_Mas pensei que iríamos dormir hoje juntos. Vai embora da cidade?
_Não, ficarei. À noite dou uma passada para te ver.

   Voltamos para minha casa. Durante o percurso conversamos sobre coisas do cotidiano, sobre shows, mas sentia que Vitor escondia algo de mim. Paramos na frente do edifício.

_Amei a tarde, foi tão legal. – Toquei em sua perna. – Ainda poderíamos aproveitar e esticar até a noite.
_Eu vou ter que resolver umas coisas. – Passou a mão para a nuca, demonstrando nervosismo – Prometo que a noite venho te ver.

   Passei cinco segundos ou mais o encarando.

_O que esconde de mim, Vitor?
_Eu? – Sorriu meio bobo – Nada, esquece. Anda – Apontou para a rua com a cabeça – Sai do carro e vai estudar.
_Só vou porque preciso, não porque você quer.

   Roubei-lhe um beijo, nossas línguas brincavam, faziam uma sincronia perfeita. Suas mãos em minha cintura, me deixavam com mais vontade de ficar ali dentro por horas. Finalizamos em selinhos.

_Vou aguardar ansiosamente por você esta noite.
_Assim espero.

  Desci do carro e logo entrei, apenas ouvi a buzina do carro de Vitor ao sair.


Victor....

   Cada vez que deixava Yasmim em sua residência, meu peito oprimia. Aos poucos ela foi ganhando minha confiança com seu jeito simples, brincalhona, até moleca. Estava ciente do que iria acontecer, estava certo do que iria fazer.

   Conforme tinha combinado com o corretor de imóveis, parei próximo a um edifício não muito longe do apartamento de Yasmim. Gostaria de conforto para ela e quem sabe até com um tempo, deixá-la morar lá. Em minha mente agora, já imaginava Yasmim linda e perfeita, entrando na igreja, vestida de branco... Aquele amor estava me levando a loucura! Isso era errado, não podia me apegar tanto assim a ela, mas isso estava acontecendo.

   O apartamento era perfeito, não muito grande, todo mobiliado, o que facilitava a nossa situação. Não fechei nenhum contrato por que em minha mente aquele aviso de alerta já estava alarmando. Agora do nada, comecei a imaginar que minha vida e a de Yasmim eram totalmente diferentes. Pedi para reservar e voltei para o hotel. Após jantar, deitei um pouco. Não queria atrapalhar Yasmim, ela estava estudando e o futuro dela, diferente do meu, não estava certo. Recebi uma ligação:

_Oi
_Não vem me ver? Já passa das dez e meia, estou aqui ansiosa.
_Yasmim, tem certeza que não irei atrapalhar seus estudos essa noite?
_Não. Meu corpo precisa do seu agora... – Choramingou


   Senti uma excitação fora do comum me invadir ao ouvir a sua voz totalmente sexy do outro lado da linha. Dos meus lábios, saiu:

_Em cinco minutos chego aí.

...

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