Capítulo 34

   Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.

“Porque as coisas boas passam tão rápido em nossas vidas?” (Yasmim – Capítulo 24)

 ...

   Cada beijo em seu corpo, milímetro por milímetro, era como uma despedida. Desci meus lábios pelo pescoço de Yasmim, que já entrelaçava as mãos no meu cabelo, seus gemidos me faziam ir mais além e já colocando minha mão por baixo do seu vestido, retirando-o segundos depois.

   Ajoelhado, em cima dela, fiquei fitando-a, amava Yasmim.

_Porque parou? – Ela ergueu o corpo para passar as mãos por baixo da minha baby look. – Vamos resolver isso.

   Com a ajuda dela, retirei minha camisa, deitando sobre seu corpo, voltei para seus lábios e beijei com vontade, como se o mundo fosse acabar naquele instante. Senti as mãos dela desabotoando minha calça e acariciando meu membro, que pulsava a esse simples toque, mordi seu lábio inferior, ouvindo um gemido rouco dela.

   Aos poucos fui deixando uma trilha em seu corpo com meus beijos, na parte interior de sua coxa, dei leves mordidas, segurei forte sua cintura e deslizei a calcinha pela sua perna. Voltando meus lábios para seu seio, minha mão foi para sua intimidade e a estimulei vendo-a remexer os quadris, fincando suas unhas em meus braços. Sem pensar em mais nada, retirei o resto de roupa que havia em meu corpo, peguei em minha carteira a camisinha, me protegendo em seguida, deitando sobre ela, fiquei pensativo: Estaria fazendo certo? Enganá-la de maneira tão horripilante assim?Era minha despedida, nossa despedida.

   Investi dentro dela, movimentos calmos com direito a troca de olhares. Em alguns momentos, me xingava mentalmente, outros, apenas apreciava o momento. Encostei minha testa na sua e juntos, olhamos para baixo, como aquilo era tão perfeito, momento em que eu e Yasmim, éramos um só corpo, uma só alma. Ouvi entre seus gemidos meu nome, cada vez que investia profundamente dentro dela, estava aumentando a voz, se contraindo, atingiu o ápice. Olhei profundamente em seus olhos e uma angustia tomou conta de mim, eu iria perdê-la e justo por causa disso, aquela estava sendo a nossa melhor transa.

_Yasmim... Me desculpa... – Falei entre meus gemidos.

   Atingi o ápice, caindo por cima dela, cansado. Com meus olhos fechados, senti suas mãos passando pelo meu cabelo, de uma maneira carinhosa e apenas relaxei, ficando assim por alguns segundos. Levantei-me indo ao banheiro e retirando o preservativo, molhei meu rosto na pia e pelo espelho me encarei. Teria que tomar uma decisão em minha vida.

   Coloquei uma cueca, voltei para a cama e em silencio ela se aninhou em meu peito, acabou adormecendo. Continuei ali até sentir segurança de que ela estaria em um sono profundo. Me afastando um pouco e ajeitando-a na cama, peguei meu celular, com meu outro chip liguei para Claudia, fui até a varanda:

_Victor?
_Oi.
_Estava preocupada, você não ligou para mim hoje.

_Estava... – Virei e fiquei encarando o quarto. – Estou resolvendo uns problemas.

_Quer desabafar? É algo que eu possa saber?
_Não é isso, esquece. Esse problema somente eu posso resolvê-lo.

_Você está estranho hoje, Victor.

_Impressão sua. Tenho que desligar, mais tarde nos falamos?
_Sim, eu esperarei.

_Ok. Abraço.

   Precisava disso, amava e muito Yasmim, mas nossas vidas eram completamente diferentes... Iria libertá-la desse sofrimento.

   Sentei na beira da cama, apoiei meus cotovelos em meus joelhos, encarei o chão. Em minha mente, vieram todos os momentos bons que eu e Yasmim vivemos, era algo surreal. Sorri e senti uma lagrima molhar meu rosto, seria duro para mim viver longe dela, mas só estava evitando que nossa relação acabasse de uma maneira ruim e que o machucado da historia fosse eu.

_Vitor... Vem dormir.

   Virei para olhá-la rapidamente. Respirei fundo, era a grande hora, o momento em que choraria por dentro.

_Yasmim, precisamos conversar.

_Precisamos mesmo, estou morrendo de fome.

   Senti suas mãos em meu peitoral, o calor do seu corpo em minhas costas me fez fechar os olhos e sentir vontade de chorar.

_Sem brincadeiras, Yasmim... Não dá mais para vivermos nesse lance.

_Como assim? – Ela afastou-se de mim.

_Isso o que estamos vivendo, não dá. Eu só... – Minha voz estava falha, encarei o teto para não deixar as lagrimas caírem. – Só queria que tudo na vida fosse perfeito e durasse para sempre. Eu te amo, mas está ficando difícil pra mim.

   Baixei minha cabeça e limpei algumas lagrimas que caíram em meu rosto. Senti Yasmim sair da cama e minha visão voltou a ter mais cor, ela ajoelhou-se em minha frente, seu rosto estava entre minhas pernas, no seu olhar, lagrimas de suplico.

_Me diz que está brincando, olha, eu... Eu mudo totalmente minha vida para ceder a tudo o que você quer, eu corto relações com minhas amigas, eu desisto de ir pra baladas... Eu faço tudo por você, mas não me abandona!

   Ela mal conseguia respirar de tão nervosa, sua voz trêmula já entregava a crise de choro que estaria por vir, suas mãos seguravam forte minhas coxas.

_Não posso Yasmim, eu te amo, mas nossas idades são diferentes...

_Isso não é desculpa, Vitor, pelo amor de Deus! Não me deixa só nesse mundo.

_Você tem sua mãe e sua irmã, pare com dramas.

_Não... Você não entende, eu, não posso viver longe de você. Eu aceito tudo, até ser sua amante mas Vitor... Por favor.

   Ela baixou a cabeça e chorou alto. Aquilo estava doendo em mim, não queria que fosse assim, eu a amava mas precisaria de alguém que se encaixasse perfeitamente em minha vida. O choro de Yasmim foi cessando, ao erguer o rosto, eu olhar era de fúria.

_Tem outra nessa historia, não é?
_Não Yasmim...

_EU TENHO CERTEZA!

   Levantou-se e ficou andando de um lado para outro do quarto, aquilo estava me assustando.

_QUEM É A VADIA?

_Já te falei que não tem ninguém...

_TÁ USANDO ELA ASSIM COMO ME USOU?

_Eu não te usei, nunca!

_EU SEI BEM QUE ERA ISSO VITOR, SEMPRE! – Sorriu sarcasticamente – A IDIOTA AQUI FOI USADA, ÓTIMO!

_CALA A BOCA ANTES DE FALAR BESTEIRAS! – Alterei minha voz e não consegui parar – NUNCA TE USARIA. TENHO VÁRIAS MULHERES AOS MEUS PÉS QUE GOSTARIAM DE SER USADAS, MAS O QUE EU FIZ TODO ESSE TEMPO FOI ME DEDICAR A VOCÊ!

_DEDICAR? ONDE FOI ISSO VITOR? VOCÊ NUNCA! NUNCA! SE ENTREGOU POR COMPLETO... ASSIM COMO AGORA, ESTÁ NOS BRAÇOS DE UMA QUALQUER!

_Não vou discutir com você. Apenas veja o que está fazendo.

   Ouvi a porta do banheiro se fechar com força, me joguei na cama e fiquei encarando o teto. Já estava arrependido de terminar com Yasmim, doía mais em mim, do que nela.

_Vitor... – Ela se ajoelhou na cama. – Por favor, não me deixa.

   Chorando feito uma criança, ela soluçava, limpava o rosto. Estava cedendo, aos poucos ficando fraco, meu emocional era Yasmim. Isso estava errado, não poderia ficar assim.

_É isso o que quer? Que eu fique em sua vida, Yasmim? – Entre seus soluços ela afirmou com a cabeça – Te amo ao ponto de não deixar pensar assim. Será que seria justo te prender nesse relacionamento, só poder te ver nas folgas e isso durar para a eternidade? Seria eu tão egoísta ao ponto de ver você se definhar por minha causa? Eu não posso te apresentar a amigos, familiares. E aí, é isso o que quer Yasmim? Viver uma vida obscura do meu lado, e no meu caso, eu, viver uma vida dupla por sua causa? Use a cabeça e pense.

   Fui ao banheiro e tomei uma ducha, queria que aquela água levasse todos os meus problemas, tudo de ruim. Enxuguei-me e voltei ao quarto, Yasmim ainda estava chorando e na mesma posição.

_Eu aceito... Eu quero viver contigo assim, mesmo que pra isso eu fique “sozinha”, longe de amigos, só para te satisfazer.

  Não acreditei naquelas palavras saindo da boca de Yasmim.

_Como ousa dizer isso, Yasmim? Olha onde esse amor está te levando, você está obsessiva... – Respirei fundo. – Se veste, vou te levar pra casa.

   Troquei de roupa sem encará-la, ela vestiu-se em meio aos choros. Descemos para o estacionamento calados e assim permanecemos durante o trajeto até sua casa. Parei o carro e olhei para ela.

_Eu te amo... Só quero que seja feliz Yasmim. Desculpa-me por essa decisão, mas é o melhor para nós dois.

_Vai pro inferno, Vitor.

   Ela saiu do veículo, bateu a porta com força e entrou no edifício sem olhar para trás... Ela saiu do carro e levou consigo meu coração, que agora estava em cacos.

   Iria esquecer de Yasmim, tentaria isso. Ela foi um passado bom em minha vida, que ficará pra sempre guardado dentro de mim. Agora iria focar em minha relação com Claudia, seria uma outra pessoa.

   Naquela mesma tarde, o corretor de imóveis ligou para saber se eu iria ficar com o apartamento que dias atrás tinha ido visitar, aquele em que eu já me via levando uma vida de “casado” ao lado de Yasmim, suspirando profundamente, neguei o pedido. Sair daquela cidade era como deixar o passado, abandonar tudo de bom que vivi com uma menina, que me fez ser um menino por muito tempo. Olhando pelo retrovisor, eu via aquela cidade se distanciando, ficando pequena, assim como meu coração.

_Me perdoa Yasmim. – Sussurrei já sentindo as lagrimas tomando conta do meu rosto.

...