Capítulo 35



“Tem dias que eu acordo pensando em você
Em fração de segundos vejo o mundo desabar
Aí que cai a ficha que eu não vou te ver
Será que esse vazio um dia vai me abandonar?

(Luan Santana – Tudo o que você quiser)


Yasmim...

  Foi tudo tão rápido, tão passageiro, que nem pude digerir.

  E mais um dia sem Vitor na minha vida. Estava triste, não queria me alimentar, chorava toda madrugada, não saía... Estava vegetando.

  Virei para encarar o teto, oras pensava que ele viria, outras não. Criando forças dentro de mim tomei um banho para relaxar, sentei-me a mesa para fazer meu desjejum sob olhares de Isabela e minha mãe.

_Você quase não tocou na comida Yasmim, coma ou vai acabar adoecendo.
_Eu lancho lá na faculdade.
_Assim espero

  Fui para a faculdade, no intervalo, mais uma vez fiquei dentro da sala. A aula enfim acabou, levantei-me da carteira e fui em passos largos para casa, ainda no corredor, ouvi Ariane me chamar.

_Hei! Eu e a Lari vamos tomar sorvete. Que vir junto?
_Valeu Anne, vou pra casa. – Dei as costas, adiantando alguns passos.
_Poxa, três meses nisso, Morango? Até quando ficará assim?

 Talvez até ele voltar – Pensei.

_Estou bem Anne, quero ficar só nesse momento.
_Olha – Se aproximou de mim – Eu sei que esse cara foi um sacana, mas tá na hora de esquecê-lo, ok?

  Impossível, não conseguia parar de pensar em Vitor, exceto quando estava estudando, dentro da sala de aula ou algo que se referisse a faculdade.

_Vou tentar Anne... Vou tentar.

  Larissa aproximou-se de nós.

_E aí, ela disse que sim?
_Não Lari. – Olhou para mim – Morango, vem conosco?
_Também acho Yasmim, vem com a gente. Já parou pra pensar que você está perdendo as melhores festas do ano? Só esse mês eu e a Anne fomos a quatro formaturas da turma da faculdade, é muito divertido.
_Valeu Lari, eu vou nessa. – Novamente dei as costas a elas e saí em passos lentos.
_Só queremos o seu bem Yasmim.

  Até estava acostumada a ouvir Ariane falar isso, mas Larissa? Senti pela sua voz que a preocupação delas para comigo estava em um nível altíssimo.

  Não queria estragar a felicidade de ninguém ao meu redor, não queria ser uma “pedra no sapato” para ninguém, eu só queria ficar em meu quarto, no escuro, chorando, lembrando de Vitor e nada mais.

_Não vai almoçar Yasmim?
_Não mãe, valeu.

  Sentindo olhares preocupantes da minha mãe, fui para meu quarto. As janelas fechadas, com cortinas, entregavam que aquele cômodo tinha feito bom tempo que vira a luz do sol. Me deitei na cama e fiquei encarando o teto, só queria que as coisas voltassem ao normal, que Vitor mandasse uma mensagem para mim e viesse para meus braços, mas estava esperando isso há três meses. Três meses! Três meses olhando para o meu celular todo santo dia, na esperança de ouvir sua voz ou uma mensagem e todo dia ligava para ao menos ouvir sua voz... Telefone fora de área.

  Os dias estavam passando lentos, fim de ano se aproximava, correria ao meu redor, menos para mim. Em um sábado a tarde alguém bateu na minha porta, autorizei.

_Pirralha, eu e o Flavio estamos indo na pastelaria, quer ir?
_Não, obrigada.

  Isabela se aproximou com as mãos na cintura.

_Para de pensar nesse cara, não já percebeu que ele te usou?
_Não fala assim. – Comecei a chorar.
_Acorda Yasmim! Ele já deve estar em outra e você aí se lamentando. Não espera por quem não te ama.
_Vai se ferrar.
_Ok, só espero que pense nisso.

  Eu estava sendo um problema para todos, sentia isso. Minha vida não tinha mais sentido, Vitor levou de mim tudo o que eu tinha de valioso... Só havia uma solução.

  Disquei o seu numero e mais uma vez ouvi aquela voz avisando que o celular estava desligado, após o sinal deixei meu recado.

“Eu só queria dizer que te amo... Me perdoa, Vitor”

  Chorando, fui em direção a mesinha, segurei o estilete escolar, minhas mãos estavam trêmulas em meio ao meu choro. Sentei na cama e não parava de olhar para meu pulso, estava com coragem, o fim teria que ser esse, infelizmente.

  Mãe, Isa, Ariane, Larissa... Imaginei o rosto de cada uma ao me ver estirada naquela cama rodeada de sangue. Não poderia pensar nisso, iria fraquejar.

  Dizem que um suicida por milésimo de segundo antes do ato se arrepende do que fez... Eu estava nessa linha, as lagrimas molhavam meu pulso e o soluço fazia minhas mãos tremerem.


  Procurei me acalmar, respirei fundo, já me sentindo uma fraca... Não, eu não era uma fraca e não ficaria nesse mundo infeliz onde tudo o que eu tinha se foi...

...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Capítulo 23

Capítulo 11

Capítulo 48