Capítulo 41


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.

I'll never tell, tell on myself
(Eu nunca vou confessar, me delatar)
But I hope she smells my perfume
(Mas eu espero que ela sinta meu perfume)


(Britney Spears – Perfume)

  Trêmula, saí do quarto. Todas estavam dormindo, o que me causava uma sensação de adrenalina e calmaria ao mesmo tempo. Abri a porta devagar para não acordar ninguém, não sabia o que estava fazendo, meus pés pareciam ter vida própria e agora me encaminhava para o elevador, apertei, esperei. Ouvi um barulho de sino e a porta se abriu.

   501, eu iria para o penúltimo andar. E se alguém estivesse no corredor? Poderiam me pegar no flagra. Que se dane, não me conheciam, eu poderia ser mais uma vadia que ele come por aí. A porta do elevador se abriu e eu me vi em um corredor frio, gélido, paredes brancas, sem uma alma viva... Engoli seco.

   Em passos pequenos eu olhava para a mensagem para confirmar o numero do quarto, achei-o e meu coração parou para voltar a bater violentamente. Pensei em tudo antes de bater naquela maldita porta, não sei o que estava dando em mim, eu só queria ouvir dos seus lábios o porquê estava fazendo aquela bagunça toda em sua vida. Bati de leve, pedindo aos céus que ele não tenha ouvido e por essa desculpa esfarrapada, sair daquele corredor... A porta se abriu.

   Eu estava olhando para o chão de tamanha vergonha, meus olhos viram pés com meias brancas se aproximando, meu olhar foi subindo, até achar aquele par de olhos castanhos que sempre me deixavam sem ar. Vitor era minha droga e eu estava em abstinência, tudo o que queria era jogá-lo na cama e transar loucamente com ele.

_Entra, alguém pode nos ver.

   Friamente, foi assim que ele me recepcionou, entrei e fomos logo para o quarto. Senti ódio de mim por estar ali, queria gritar, chorar, mas ainda não era o momento. Virei para encará-lo, ele estava perfeito naquele jeans e uma baby look branca. Um misto de raiva, amor, tomou conta de mim.

_Porque não quis entrar no camarim hoje? – Sentou-se na beira da cama.
_Para não te ver.
_E porque foi ao show se não quis me ver?
_Porque eu ainda sou fã, aprecio a musica de vocês.
_Tudo bem.

   Em seus olhos, tinha um enigma, algo frio e triste que só me fez ter mais vontade de chorar.

_Porque está fazendo isso Vitor?
_Estou fazendo o que? – Ergueu o rosto.
_Isso! Se enganando, enganando todos a sua volta? – Lembrei do que tinha lido na matéria de uma revista – Você estava com ela há três meses... Três meses Vitor! O tempo que estava comigo... – Minha voz começou a ficar embargada, droga! Iria chorar.
_Não te traí se é isso o que quer saber. – Rebateu friamente.
_Mentir agora? Pode falar, afinal não temos mais nada mesmo. – Limpei o canto do meu olho.

   Coloquei as mãos no meu rosto, definitivamente não queria que ele me visse chorando, seria ferir meu orgulho. Senti ele segurar meus pulsos para tirar as minhas mãos e entrelaçá-las nas suas.

_Eu juro, Yasmim, nunca fiz nada com ela estando com você. A conheci nessa época, mas terminei com você para iniciar um romance com ela... – Olhou para o teto, querendo esconder suas emoções. – É complicado Yasmim, eu preciso de alguém na minha vida e tem que ser pra ontem... Não posso esperar você amadurecer e nossas condições são totalmente diferentes...
_Porque sou a menina pobre e você é o cara rico, não é? – Surpreendi com a minha voz.
_Não é isso. Dinheiro não é o problema... Eu... – Baixou o rosto.
_Então me diz o que é Vitor, qual o problema de não podermos ficar juntos? – Alterei a voz, já me ouvindo fungar e chorar.
_Porque suas atitudes, sua vida, seu jeito de ser não são compatíveis com a minha vida! – Alterou a voz também. – Por que... Você é uma menina, não dá.

   Como já previa, chorei alto, estava desesperada. Dizem que todos nós temos direito a um minuto para tentar conquistar alguém, eu estava aproveitando isso, esse um minuto que o próximo teria que me dar, ele não poderia ficar com aquela mulher, ele era meu. Já sentindo que nossa conversa não daria em nada, tentei me desvencilhar das suas mãos, que apertavam mais ainda as minhas, estava com nojo de mim por me rebaixar tanto, teria que me dar o valor.

_Eu tenho que ir...
_Não Yasmim. – Sussurrou roucamente. – Fica, só essa noite.
_Me solta Vitor. – Supliquei.
_Não consigo, porque sei que você vai embora se eu fizer isso.

   Suas mãos subiram para meu rosto, me puxando para me aproximar mais, nossas testas colaram e ficamos assim por alguns segundos. Meu choro ainda estava alto, estava entregando meus pontos, que droga! Eu ainda o amava.

   Com os olhos fechados senti os lábios dele roçarem nos meus, involuntariamente abri minha boca, sentindo sua língua me invadir por dentro. Aquela sincronia, aquele beijo feroz, me fez sentir mais viva, viva como se tivesse reativado a Yasmim de três meses atrás, cheia de paixão, excitada a simples toques. Entreguei-me aquele momento e senti meu corpo ser guiado para a cama, caí por cima dele e tratei de tirar a sua camisa, sentada em seu quadril, espalmei minhas mãos em seu peitoral, como era gostoso de sentir. Beijei levemente seu pescoço, sentindo-o arfar e soltar o ar pesadamente, desci meus lábios para fazer uma trilha até o cós do seu jeans, ergui o olhar e ele e passou segurança com o seu, mal sabia ele o que estava por vir.

   Soltei seu cinto, desabotoando sua calça e descendo o zíper, senti toda a sua excitação na intimidade. Eu queria prová-lo que não existia casal melhor que nós dois em uma cama. Coloquei minha mão dentro de sua boxer e retirei seu membro, vendo-o olhar para mim assustado, não crendo no que eu iria fazer, eu o envolvi com minha boca, nunca tinha feito isso com ninguém e até me soava estranho. Puta que pariu! Tempos atrás eu não me imaginava fazendo esse tipo de coisa e até julgava Ariane e Larissa por dizerem ser uma sensação boa. De inicio travei, mas ouvi um gemido rouco e deixei meu instinto me guiar, fazia movimentos indo e vindo, cada vez aprofundando mais, sentindo suas mãos segurarem meu cabelo e me ajudar.

_Para Yasmim... Por favor... – Ouvi sussurrar entre os gemidos.

   Senti Vitor me tirar daquela posição e jogar na cama, ainda respirando forte e sem acreditar no que eu acabara de fazer, ouvi ele retirando a calça e jogando-a em algum lugar, ele deitou sobre mim, apenas me fitando com olhos lacrimejando.

_Eu te amo, Yasmim. Desculpe-me se sou um idiota.
_Não fala mais nada. – Coloquei meu indicador em seus lábios.

   Antes de qualquer coisa, Vitor beijou-me a boca, nossas línguas mais uma vez se moveram com precisão, seus lábios desceram para meu pescoço, pude sentir suas mãos passando pela minha camisola e ir de encontro a calcinha, retirando-a com a minha ajuda. Percebendo que eu também estava mais que pronta, o senti investir de leve. Essa nossa transa foi a mais romântica que eu já tive. Enquanto sentia-o dentro de mim fazendo movimentos leves, nos olhávamos com ternura, carinho, amor, tudo isso me fazendo ter uma crise de choro logo nessa hora. Senti minhas lagrimas descerem pelo meu rosto, se emaranhar em meu cabelo, fechei meus olhos para apreciar cada momento, senti seus dedos limpando meu rosto, ao voltar a abri-los as ondas de prazer tomaram meu corpo, eu iria atingir o ápice, pela minha expressão Vitor entendeu e acelerou o ritmo, chegando ao fim também. Jogou todo o seu peso em cima de mim e ficamos por alguns segundos assim, apenas trocando carícias com ele ainda dentro de mim.

_Eu te amo. – Sussurrou em meu ouvido.
_Eu também te amo.

   Ele saiu de mim, me causando um leve arrepio, deitou do meu lado e me puxou para aninhar em seu peito. Ficamos assim por longos minutos, apenas nos recompondo, meu celular me acordou do transe, fui ler a mensagem, Natalie:

“Onde vc tá? Acordei e não te vi.”

   Aquilo estava sendo arriscado demais, ninguém poderia desconfiar e eu queria me desapegar de Vitor, já sabia que a solidão ficaria comigo e que ao fechar a porta daquele quarto, ele iria ligar para a namoradinha perfeita. Suspirei e fui procurar minha calcinha, achando-a no chão e logo a pegando e colocando de volta a meu corpo. Olhei para trás e vi Vitor ali, encarando o teto, pensativo, talvez se sentindo culpado pelo o que fizera. Como se tivesse acordado de seu mundo se pensamentos, olhou para mim.

_Eu tenho que ir – Minhas voz saiu falha.
_Fica essa noite... Dorme comigo?

   Senti minhas lagrimas voltarem com toda força, eu estava tentando me desapegar de Vitor, mas estava sendo impossível.

_A Natalie, ela esta no mesmo quarto que eu estou, ela pode desconfiar.
_Deixa eles pensarem o que quiser, ao menos dorme comigo... Quero uma despedida digna.

   Aquilo pareceu um soco no estomago, despedida... Uma palavra fácil de falar, mas difícil de entender. Engoli seco, estava parada naquele quarto, queria dizer sim, mas ao mesmo tempo não, queria dar uma lição em Vitor mas sequer conseguia dominá-lo.

_Eu vou voltar pro quarto, se eu sentir que as coisas estão bem eu volto. Pode ter certeza.
_Volta sim. Estarei te esperando.

   Não quis abraço, beijo, nada que me fizesse chorar mais, só queria sair daquele quarto e não voltar a encará-lo nunca mais. Tomei o elevador e pelo espelho desse, arrumei meus cabelos que estavam embaraçados, meu rosto estava vermelho. Entrei no quarto rezando para Natalie não desconfiar.

_Onde estava? Como saiu assim, de camisola?
_Meu ex... Estava aí.
_Hospedado no mesmo hotel?
_Não. Ele estava lá embaixo.
_E você foi assim – Apontou pra meu corpo.
_Ah, sei lá.

   Fingi que iria voltar a dormir, quem sabe assim Natalie desistiria de me encher com perguntas. O que foi aquilo? Eu e Vitor nos amamos como nunca, foi a transa mais especial da minha vida, talvez porque agora ele tinha gostinho de comprometido, ou porque ele era gostoso mesmo. Lagrimas, porque vocês me perseguem? Agora eu estava deixando-as cair livremente, não iria voltar a vê-lo, estava decidida. Meu celular tocava insistentemente, eu sabia que era ele, queria tê-lo outra vez em mim, atendi falando baixinho.

_Oi
_Porque não voltou?
_Natalie...
_Entendi. – Suspirou. – Yasmim, eu preciso de você agora e aqui... Por favor, volta e venha dormir nos meus braços.

   Não dava, por mais que me negasse a vê-lo, era algo mais forte que eu, seria uma despedida, teria que colocar isso na minha cabeça. Levantei-me e Natalie estava sentada na cama dela.

_Vai pra onde?
_Ele quer me ver...
_Mas espera, você vai assim de novo?

   Olhei para a camisola, estava literalmente “fodida”, teria que bolar um bom plano.

_Tem razão. – Fui até minha mala. – Vou me vestir adequadamente.

  Peguei um vestido e coloquei.

_Não me espera tá?

   Fechei a porta e mais uma vez, sem moral, boba e idiota... Lá estava eu caminhando até seu quarto novamente.

...

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