Capítulo 33



Yasmim...

   Aqueles dias estavam sendo torturantes para mim. Vitor não me ligava, não respondia minhas mensagens e com isso fiquei preocupada. Ele teria só me usado e agora estaria rindo da minha cara? Estaria em um outro romance, uma nova menina? Ainda me amava?

   Já não me alimentava mais, estava triste, pelos cantos, sempre chorando. Em uma madrugada, embarcada em um sono profundo, ouvi meu celular tocar, ainda entorpecida pelo sono, atendi:

_Alô.
_Yasmim?

   Aquela voz rouca, baixa, não me enganava que era Vitor. Sentando na cama, me beliscando por achar que era um sonho, senti minhas lagrimas molharem meu rosto.

_Vitor, onde você estava que não atendia minhas ligações? Te machuquei em alguma coisa? Falei o que não devia?
_Calma, respira. – Procurei fazer o que ele estava me pedindo, mas o choro não me deixava ao menos pensar, que dirá respirar. – Eu precisava de um tempo.
_E não podia me avisar? Porra Vitor!
_Desculpa Yasmim, as coisas estão difíceis a cada dia que se passa.
_E porque não me avisou? Me desculpa Vitor, mas quem fez papel de imaturo nessa historia, foi você.

   Estava muito irritada, não podia negar, mas todo esse tempo sem me ligar algo me dizia que ele estava me evitando.

_Vai querer brigar? Se for me avisa porque desligo novamente o celular.
_Se isso é uma ameaça saiba que não tenho medo.

  Permanecemos calados. Um nó se formou em minha garganta, não podia chorar,  sabia o real motivo: Saudades, medo de perdê-lo. Suspirei

_Quando você vem me ver?
_Em breve. Eu prometo. Tenho que desligar.
_Espera – Interrompi – Antes de tudo, saiba que eu te amo. – Senti minha voz ficar embargada pelo choro.

  Ouvi Vitor suspirar do outro lado da linha.

_Eu também te amo Yasmim. Só te peço paciência.
_Terei. Vem logo me ver, tá?
_Tudo bem. Beijos.

   A voz de Vitor me entregava que aquela paixão arrebatadora que ele sentia no começo, estava dissipando, aos poucos indo embora. Talvez ele estivesse cansado de mim, eu era uma moleca, uma menina imatura que não era dona do meu próprio nariz. Chorando baixinho me deitei, acabei caindo em um sono profundo.




Victor...

   Estava complicado, mais precisamente a palavra certa era “difícil”. Já não conseguia viver assim ao lado de Yasmim, gostaria muito de poder tê-la em minha vida, morando no mesmo teto, compartilhando com as minhas amizades, meus amigos, mas ela era uma menina que só Deus sabia quando iria amadurecer.

   O fim de semana foi proveitoso para pensar, agora minha vida estava dupla: Nas madrugadas, dividia meu espaço entre telefonemas de Yasmim e Claudia que como sempre, super carinhosa e mesmo diante de tantos mimos, ela conseguia ser a mulher madura que conheci. Estava ficando difícil para mim, queria poder dar atenção as duas, se pudesse misturá-las e transformar elas em uma só, estaria feito na vida. O fato é que eu amava o jeito jovial de Yasmim, seu lado eterna menina, sempre me elevando e arrancando altas risadas de mim. Por outro lado, me impressionava com o jeito de Claudia, sempre segura, firme, carinhosa, mulher. Eu precisava decidir, qual das duas apostaria? E se acabasse me enganando com uma, sabendo assim que a outra era o caminho certo a seguir?... A vida é cheia de duas opções, eu deveria seguir um caminho, somente um.

   Segunda-feira consegui uma folga e logo fui para cidade onde Yasmim morava. Estava desanimado, triste, já não via alegria e emoção de ir aquela cidade. Mandei uma mensagem para ela:

“Está no curso de inglês? Passo aí pra te buscar.”

 Ela respondeu:

“Sim, estarei te esperando na porta.”

   Firme e decidido, liguei o carro e fui ao encontro dela. Seria tudo... Ou nada.

   Ao me aproximar ela estava na porta. Meu coração acelerou e começou a bater descompassado... Minha menina, minha “Garota tentação”, meu tudo. Sem jeito, ela entrou no carro.

_Oi.
_Tudo bem?
_Aham.

  Levei-a para o hotel, entramos no quarto e pude perceber sua tensão, me aproximei dela, segurei seu queixo para me encarar.

_O que você tem Yasmim?
_Nada. – Fez um meio riso – Só acho que deveríamos matar a saudade.

   Com seu olhar suplicante, eu acabei por ceder, não sabia o que era aquilo, mas era um sentimento bom. Amor, como eu a amava, amava seu cheiro desde sua pele até seu cabelo. Nossas línguas se moviam com pressa, minhas mãos já seguravam forte sua cintura, guiando-a para a cama. Ao vê-la deitada, pensei: Será que ela merecia isso? Essa vida escondida? Longe de meus amigos, familiares? Eu a amava a tal ponto de aceitar machucá-la deixando vivermos assim, longe de tudo e todos?

_Porque parou de me beijar? – Suas mãos passavam pelo meu cabelo, deixando um arrepio bom pelo meu corpo.
_Estou pensando.
_No que? Quer desabafar?
_Não, esquece.
_Senti sua falta.
_Eu também.


   Meus lábios se aproximaram dos dela e iniciamos outro beijo, dessa vez mais forte, sagaz, com segundas intenções, já imaginava onde aquilo me levaria...

...

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